O Brasil e o mundo ganham com a transição energética, mas os esforços estão longe de acabar
Em relatório publicado pela empresa americana Bain & Company em janeiro deste ano e denominado “5º Relatório Anual de Fusões e Aquisições Globais”, foi apontado que de janeiro a setembro de 2022 os investimentos no segmento relacionado à transição energética totalizaram US$ 250 bilhões. Ainda de acordo com a organização, os investimentos na área ultrapassaram os de outros setores industriais, correspondendo a 21% do total do volume de negócios em 2021 e 27% nos primeiros três trimestres de 2022.
Ainda de acordo com o relatório, no Brasil, os setores de energia e recursos naturais e manufatura e serviço representaram 66% do valor realizado em negócios de fusões e aquisições.
Esses dados evidenciam uma preocupação cada vez maior do mercado mundial em buscar um futuro energeticamente mais sustentável. Há, hoje, muitas iniciativas estatais e privadas no mundo que estão direcionando a economia para essa realidade. A União Europeia, por exemplo, anunciou no ano passado que proibirá a venda de novos carros a combustão a partir de 2035, o que está se provando possível, visto as respostas das montadoras frente ao desafio, que estão produzindo carros elétricos cada vez mais acessíveis.
Na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, ou COP27, realizada em Sharm El Sheikh, no Egito, foi tratada novamente a preocupação acerca dos efeitos negativos no meio ambiente gerados pelo aquecimento global e as dificuldades na adesão crescente de fontes renováveis no mundo.
No evento, foram discutidos tópicos pertinentes ao assunto, como a dependência de grandes potências por combustíveis fósseis, maximizadas pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia, como Alemanha e França, que viram seus estoques de gás natural despencando no último ano por causa de atritos no cenário geopolítico.
A janela de tempo, de acordo com lideranças presentes na COP27, é curta para que haja a transição energética e a necessidade é elevada, visto as consequências que as mudanças climáticas estão acumulando.
Os desafios, entretanto, não são poucos. O ritmo dessas mudanças é lento, pois países dependem de estoques de combustíveis e de usinas de energia não renovável como um meio de manter a segurança energética. Ademais, cada país possui regiões diversas, com biomas e clima distintos que impedem uma adesão generalizada de uma única metodologia para obter energia a partir de fontes renováveis.
No caso do Brasil, núcleos distintos tratam do assunto. O novo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ser necessário pensar na matriz por inteiro para promover a transição energética, sem substituir uma matriz por outra. “A matriz que está se desenhando no Brasil é uma matriz complexa, que envolve uma transição que talvez seja a mais rápida que pode ser feita, uma das mais rápidas que pode ser feita no mundo”, acrescentou.
Além do ministro, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, voltou a reafirmar a responsabilidade da estatal em investir em mudanças na matriz energética. De acordo com ele, em evento do MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts) no Rio de Janeiro, a Petrobrás tem papel fundamental em fomentar o desenvolvimento no setor. “O porte e a trajetória da Petrobrás fazem com que ela ocupe, naturalmente, um papel de grande impulsionadora da transição energética no Brasil”, afirma Prates.
Já no meio corporativo brasileiro, o uso do ESG está cada vez mais presente no planejamento estratégico de empresas. Inovações tecnológicas e de gestão empresarial são foco principal na corrida entre indústrias que estão disputando lugar em um mercado volátil e gerado pelas mudanças dos padrões de consumo.
O que é transição energética
A transição energética é um conceito definido pela mudança estrutural nas matrizes energéticas a curto e longo prazo de determinado local, governo ou comunidade. Também é usada para definir essas mudanças globalmente por meio de tratados ou iniciativas internacionais, como o Acordo de Paris.
Historicamente, as matrizes energéticas do mundo sempre dependeram – e ainda dependem – de combustíveis fósseis e outras fontes de energia não renováveis, como carvão mineral, gás natural e energia nuclear. Essa dependência existe pois essas fontes são, no geral, eficientes, adaptáveis e têm baixo custo.
A transição energética engloba, então, iniciativas que focam na redução dos custos relacionados à geração de energia por meios renováveis, como energia eólica, solar, biocombustíveis e combustíveis de hidrogênio.
Para saber mais sobre o relatório da Bain & Company, clique aqui (texto em inglês)
Para saber mais sobre a iniciativa da União Europeia sobre carros a combustão, clique aqui: UE proíbe venda de novos carros a combustão a partir de 2035 | Reset (capitalreset.com)
Para saber mais sobre as falas do presidente da Petrobrás sobre a transição energética, clique aqui: Prates reafirma que Petrobras investirá em transição energética (poder360.com.br)
Para saber mais sobre as falas do Ministro da Fazenda sobre a transição energética, clique aqui: Transição energética no País pode ser uma das mais rápidas do mundo, diz Haddad – InfoMoney