A influência humana no progresso das mudanças climáticas resultou, nas últimas décadas, em um aumento da preocupação global acerca das possíveis iniciativas para controlar ou mitigar os impactos ambientais atuais e futuros. Nesse contexto, um método criado para a análise e controle desses impactos ganhou destaque: a Pegada de Carbono.
Este conceito, frequentemente utilizado por instituições e empresas, refere-se à quantidade de gases do efeito estufa (GEE) emitidos na atmosfera por uma pessoa, organização, evento ou produto. Estes gases contribuem para as mudanças climáticas e para o aquecimento global, pois têm a capacidade de reter o calor na atmosfera. Por isso, a importância de se entender e controlar a Pegada de Carbono está relacionada à necessidade de se buscar por alternativas mais sustentáveis às ações que mais produzem GEE.
Calcular a Pegada de Carbono é essencial para avaliar a quantidade de emissões de GEE associadas às atividades de uma empresa ou indivíduo. Existem diferentes métodos para realizar esse cálculo, sendo um dos mais populares o protocolo de gases do efeito estufa, que envolve a conversão das emissões em dióxido de carbono (CO2) equivalente, levando em consideração o potencial de aquecimento global de cada gás, o que permite medir as emissões em toneladas métricas de CO2.
O rastreamento da Pegada de Carbono, por sua vez, traz diversos benefícios para a indústria. Entre eles, pode-se destacar:
- Mitigação das mudanças climáticas, contribuindo para a preservação do meio ambiente para as futuras gerações.
- Economia de custos operacionais ao adotar práticas sustentáveis, resultando em redução de gastos com energia e combustíveis.
- Melhoria da eficiência energética ao identificar oportunidades de otimização e adoção de tecnologias mais eficientes.
- Aumento da competitividade ao demonstrar compromisso com a redução da pegada de carbono, atraindo clientes conscientes e se destacando da concorrência.
- Fortalecimento da reputação perante clientes, investidores e comunidade, ganhando confiança, fidelidade e atraindo parcerias estratégicas.
Para incorporar estes benefícios na organização, torna-se necessário aplicar estratégias que auxiliem na aplicação das melhores práticas para o rastreamento e controle da pegada de carbono, tais como:
- Implementação de sistemas de medição e monitoramento precisos.
- Realização de avaliação completa do ciclo de vida dos produtos e serviços.
- Uso de ferramentas e softwares especializados para coleta e análise de dados.
- Colaboração com fornecedores e parceiros para rastrear e reduzir a pegada de carbono.
- Estabelecimento de metas e indicadores de desempenho para a redução de emissões.
- Engajamento dos colaboradores em iniciativas de redução de emissões.
- Obtenção de certificações e selos ambientais reconhecidos.
- Monitoramento contínuo e busca de oportunidades de redução e eficiência energética.
Diversas empresas têm investido em iniciativas de descarbonização para reduzir sua Pegada de Carbono. Por exemplo, a IKEA, como a maior varejista de móveis do mundo, tem se comprometido a ser neutra em carbono até 2030. Através de investimentos em eficiência energética, energia renovável e tecnologias sustentáveis, a empresa tem alcançado economia de custos e melhoria da eficiência operacional.
Outro exemplo é a Microsoft, que busca se tornar neutra em carbono até 2030, investindo em energias renováveis e práticas de eficiência energética em todas as suas operações.
Desafios e Tendências
Ao mesmo tempo em que as pautas de sustentabilidade avançam no mundo, a redução da Pegada de Carbono também é acompanhada de desafios, sendo um dos principais a dependência de combustíveis fósseis e a infraestrutura existente, o que dificulta a transição para fontes de energia renovável e a descarbonização de setores como transporte e indústria. Além disso, a falta de regulamentações e políticas claras em relação às emissões de GEE pode desencorajar empresas a investirem em ações de redução ao redor do globo.
No que diz respeito às tendências para o rastreamento da Pegada de Carbono, observa-se um aumento na adoção de metas baseadas na ciência, que são objetivos de redução de emissões alinhados com a descarbonização necessária para limitar o aumento da temperatura global.
Além disso, a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) está sendo cada vez mais utilizada para avaliar o impacto total do carbono de um produto ou serviço, considerando desde a extração da matéria-prima até o descarte. No Brasil, a ACV é oficializada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que define, entre outros conceitos, as diretrizes para a avaliação.
O avanço da tecnologia, como o uso de blockchain e IoT, também tem proporcionado melhores meios de rastrear e auditar as emissões de GEE, aumentando a transparência e a confiabilidade dos dados a partir de análises complexas e em tempo real das variáveis relacionadas à impactos ambientais em cadeias de produção.