O óleo ainda detém grande importância na matriz energética e na economia mundial

O Brasil é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com uma produção que o coloca em nono lugar no ranking global. O país tem investido muito no setor, buscando aumentar ainda mais sua produção e consolidar sua posição como um dos principais players do mercado internacional do produto. Desde 2020, por exemplo, a nação brasileira é a maior produtora da América Latina, superando países como México e Venezuela.

Essa liderança na região tem sido impulsionada principalmente pela exploração do pré-sal, uma reserva de petróleo que fica abaixo do leito do oceano Atlântico, próxima à costa brasileira. A descoberta, anunciada pela Petrobras em 2006, tem sido considerada uma das maiores da história da indústria petrolífera mundial e tem permitido que o Brasil aumente sua produção em grandes escalas.

Devido ao seu alto valor econômico, o petróleo é amplamente utilizado no mundo para gerar energia. De acordo com a International Energy Agency (IEA), mais de um terço da matriz energética mundial é composta por petróleo e seus derivados, o que destaca a importância dessa commodity para a economia global.

Originado do acúmulo de material orgânico, ele passa por transformações de isolamento e pressão antes de ser utilizado. Os derivados do petróleo são muito importantes no mercado atual e incluem a gasolina, o diesel, o querosene, lubrificantes industriais, parafina, solventes, plásticos, entre outros.

Tais derivados são obtidos através de um processo chamado de refino, que consiste na separação dos componentes do petróleo bruto. Esse processo é feito em refinarias, que recebem o petróleo cru e utilizam diferentes técnicas para separar os componentes, como destilação, craqueamento, hidrogenação, entre outras. Cada técnica é utilizada para obter um produto específico, como a gasolina, por exemplo, que é obtida por meio da destilação do petróleo e posterior tratamento químico.

De acordo com um estudo realizado pelo professor Aviel Verbruggen, da Universidade de Antuérpia, nos últimos 50 anos, a indústria de petróleo e gás natural gerou um lucro líquido diário de US$ 2,8 bilhões, equivalente a R$ 15,4 bilhões na cotação atual. O estudo revelou ainda que, ao longo desse período, governos e empresas capturaram cerca de US$ 52 trilhões em receita. 

Descontando a inflação, a média anual de renda gerada pelo setor foi de US$ 1,02 trilhão. O pesquisador, porém, é crítico à economia do petróleo ao afirmar que parte desse valor foi proveniente de especulação financeira, dizendo que são necessárias mais pesquisas para analisar isto.

O setor petrolífero representa no Brasil, hoje, cerca de 13% do PIB do país, com mais da metade das ações ordinárias e cerca de 36,61% do total da Petrobrás sendo da União. Os valores significativos pagos pela Petrobrás em tributos e dividendos à União em 2021, de R$ 202,9 bilhões e R$ 37,3 bilhões, respectivamente, trazem um impacto positivo para a economia brasileira. Esses recursos permitem que o governo tenha mais verba disponível para investir em áreas como educação, saúde e infraestrutura, proporcionando melhorias para a população. 

No entanto, o aumento dos preços dos produtos que dependem do petróleo para sua fabricação pode ter um efeito negativo na economia, uma vez que encarece a produção e o transporte desses produtos. Isso ocorre porque a maioria dos produtos ainda são transportados por rodovias, que utilizam a gasolina como combustível, um derivado do petróleo.

Vantagens e desvantagens do petróleo

Os combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que desempenham um papel importante na matriz energética global e as economias dos países, também trazem consigo pontos fracos. Entre as vantagens do uso do petróleo, podem-se destacar:

1. Versatilidade: é utilizado como matéria-prima para a fabricação de diversos produtos, como plásticos, tintas, fibras sintéticas, borrachas, entre outros. Além disso, usa-se o petróleo na produção de asfalto para pavimentação de estradas e na fabricação de lubrificantes e óleos para motores.
   
2. Abundância: pode ser encontrado em muitos lugares do mundo e em grandes quantidades, o que o torna uma fonte de energia e matéria-prima acessível e abundante para muitos países.
   
3. Armazenamento fácil: é fácil de armazenar e transportar, o que o torna uma opção conveniente como fonte de energia para uso em larga escala.
   
4. Eficiência energética: é uma fonte de energia muito eficiente em termos de energia produzida por unidade de peso ou volume. Isso significa que é possível gerar uma grande quantidade de energia com uma pequena quantidade de petróleo.
   
5. Estabilidade de preço: o preço do petróleo é relativamente estável em comparação com outras fontes de energia, o que permite aos consumidores e produtores fazerem previsões mais precisas e planejarem investimentos com mais confiança.
   
   

Em questão das desvantagens, podem ser citadas:

1. Variação do preço: ao mesmo tempo que seu valor como commodity é de relativa estabilidade, variáveis como guerras, epidemias e pandemias e crises econômicas fazem com que seu valor possa flutuar mais do que o previsto.
   
2. Meio ambiente: os combustíveis fósseis estão relacionados a muitos problemas ambientais, não apenas no processo de queima de combustível que gera gases de efeito estufa, como também na poluição de derivados do petróleo, ou vazamentos de óleo em rios, mares e oceanos.
   
3. Finitude: o petróleo é um produto finito que um dia acabará. Por isso, quanto mais escasso ele ficar, maior será seu valor. Não há consenso quanto à quantidade que ainda existe no mundo, mas países já se mobilizam para substituírem o máximo de seu uso antes das reservas secarem. China, EUA e Europa, por exemplo, preveem sua neutralidade em CO2 para no máximo 2060.
   
4. Segurança: por serem altamente inflamáveis e tóxicos, a maior parte dos produtos gerados a partir do petróleo necessitam de um extenso cuidado em segurança do trabalho por parte das empresas. 
   
   

Como visto, os combustíveis fósseis ainda desempenham um papel fundamental em diversos setores da sociedade. As projeções, entretanto, apontam para um mundo cada vez menos dependente dessas matérias primas e seus derivados. As grandes potências, assim como países emergentes como o Brasil, investem pesadamente na transição energética como meio de conter os impactos negativos que os combustíveis fósseis como o petróleo geram.

Se você quiser saber mais sobre a transição energética e os desafios que a acompanham, clique aqui e leia nosso texto sobre o assunto: Transição energética é necessária, mas desafiadora – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)

Portanto, nota-se cada vez mais presente a ideia de um futuro baseado em uma economia sustentável que utilize fontes de energia limpa e biocombustíveis. É necessário, então, que os setores da indústria se mantenham atentos quanto a essas transições, investindo sempre que possível em modelos de negócio mais sustentáveis e cada vez mais autônomos do petróleo, transformando de maneira realista e inteligente seus ciclos produtivos.

Se você quiser saber mais sobre a bioeconomia e suas projeções trilionárias no Brasil, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Sustentável e rentável: conheça a bioeconomia – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)

Para saber mais sobre o estudo de Aviel Verbruggen, clique aqui: Microsoft Word – 20221114.CLIME. The geopolitics of trillion US$ oil & gas rents.AT.docx (avielverbruggen.be)

Para saber mais sobre o petróleo, sua composição e aplicações, clique aqui: Petróleo: origem, aplicações, composição – Brasil Escola (uol.com.br)