O desafio do descarte responsável do BOPP

O BOPP, sigla para Película de Polipropileno Biorientado, é um filme sintético utilizado amplamente na indústria de embalagens e rótulos. Sendo derivado do petróleo, o polipropileno é um dos polímeros mais utilizados no mundo devido à sua versatilidade e substituição de outros termoplásticos. 

O termo “biorientado” refere-se ao processo de estiramento do filme em duas direções durante a fabricação, conferindo ao BOPP características como maior rigidez, resistência à tração e transparência. Além disso, o material é adotado pelo seu baixo custo, apresentando diversas propriedades favoráveis para embalagens e rótulos.

Entre suas características mais vantajosas, pode-se destacar:

  • Resistência à água;
  • Boa resistência a baixas temperaturas;
  • Resistência a altas temperaturas (até 80ºC);
  • Baixa elasticidade;
  • Flexibilidade adequada;
  • Propriedade de barreira;
  • Boa capacidade de impressão.

Embora seja um material popular devido às suas propriedades de resistência e transparência, o BOPP apresenta desafios significativos quando se trata de reciclagem.

Um dos principais desafios do BOPP está relacionado à sua composição e estrutura molecular. O polipropileno biorientado é um tipo de plástico de estrutura complexa, o que torna difícil a quebra do BOPP em seus componentes básicos para reciclagem.

Quando não são descartadas corretamente, essas embalagens podem agravar problemas causados pelas enchentes ao obstruir valas. Além disso, o material pode causar asfixia em animais marinhos quando é descartado neste meio. Isso é agravado pelo fato de que essas embalagens levam pelo menos 100 anos para se decompor, assim como outros plásticos comuns. Outro ponto alarmante é a influência do BOPP na expressão genética quando entra em contato com células-tronco, tornando-se um possível agente cancerígeno.

Segundo a prefeitura de São Paulo, o BOPP é classificado como não-reciclável, resultando na falta de coleta por parte dos catadores e cooperativas ligadas à instituição. No entanto, de acordo com especialistas, o material pode ser reciclado, mas sua taxa de reciclagem é baixa devido à falta de identificação adequada e à falta de informação sobre as possibilidades de reaproveitamento por parte dos recicladores e produtores. 

A infraestrutura de reciclagem existente também é um desafio para o produto, onde a falta de instalações de reciclagem especializadas para lidar com o BOPP dificulta sua recuperação e reutilização efetiva. Em muitas regiões, a capacidade de reciclar BOPP é limitada ou inexistente, o que resulta em uma alta taxa de descarte em aterros sanitários ou incineração.

Além disso, a reciclagem do material enfrenta obstáculos adicionais quando não há incentivos econômicos para os recicladores e baixa demanda por produtos reciclados de BOPP. Sem um mercado robusto para materiais reciclados, a reciclagem do BOPP pode não ser uma prioridade para muitas empresas e consumidores.

A complexidade do BOPP também pode dificultar a educação dos consumidores sobre a importância da reciclagem adequada do material. Muitas pessoas podem não estar cientes de que o BOPP não é facilmente reciclável e podem descartá-lo juntamente com outros plásticos recicláveis, contaminando assim o fluxo de reciclagem e comprometendo sua eficácia.

Para mitigar esses problemas, é importante fortalecer os esforços a partir de pesquisas, conscientização e políticas de logística reversa, contribuindo assim para uma mudança positiva nesse cenário, promovendo a reutilização das embalagens e estimulando a sustentabilidade.

Nesse contexto, empresas de embalagens alimentícias têm adotado soluções inovadoras para reduzir os impactos ambientais do BOPP. Uma delas é a implementação de uma política de ciclo de vida fechado, em parceria com cooperativas e empresas de reciclagem. Essa abordagem segue a recomendação da política de resíduos sólidos, que prega a responsabilidade coletiva pela produção e consumo. 

Além disso, multinacionais já estão adotando a política reversa, comprando suas próprias embalagens para reutilizá-las em novos produtos. Essas práticas não só beneficiam o meio ambiente, mas também agregam valor às empresas, conquistando selos de qualidade e sustentabilidade. 

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