A indústria da moda brasileira é uma parte essencial da economia do país e desempenha um papel significativo no cenário global da moda. Com sua rica diversidade cultural e rica herança, a moda brasileira é conhecida por sua criatividade, inovação e estilo único. Ela também é uma importante fonte de empregos e contribui para o crescimento econômico do Brasil, além de promover a identidade e o talento dos designers locais.
A história dessa indústria remonta a mais de um século e começou a conquistar cada vez mais visibilidade após a década de 1950, com o surgimento de profissionais brasileiros tais quais Zuzu Angel, uma das estilistas brasileiras mais reconhecidas globalmente com suas criações que foram usadas para vestir famosos americanos e europeus da época, e Nilza Rodrigues Lisboa, costureira pioneira na criação da Rua dos Biquínis, em Cabo Frio/RJ, única rua do mundo a concentrar apenas lojas de moda praia.
Desde então, o setor cresceu e se desenvolveu, com uma série de marcas e designers emergindo e ganhando destaque. A moda brasileira é conhecida por sua diversidade e influências culturais, com a mistura de estilos europeus, africanos e indígenas somados a estampas coloridas, cortes sofisticados e materiais de alta qualidade, que resultam em criações únicas e autênticas.
O segmento é conhecido por produzir uma ampla variedade de produtos que atendem a diversos setores do mercado. Isso inclui roupas femininas, masculinas, unissex, infantis, acessórios, calçados e moda praia. A moda praia é especialmente notável na indústria brasileira, com marcas e designers criando biquínis, maiôs e saídas de praia inovadores e de alta qualidade que são populares tanto no Brasil quanto em outros países, disputando o mercado em pé de igualdade com países como Estados Unidos e Austrália, além de exportar para o Japão e Portugal.
As principais iniciativas de incentivo à moda no país são o Texbrasil, programa criado em 2000 pela Abit em parceria com a Apex-Brasil, que visa apoiar e preparar as empresas da indústria têxtil e de confecção interessadas em expandir seus negócios para outros países, oferecendo capacitação em inovação, sustentabilidade e design, e a ABEST, Associação Brasileira de Estilistas, que busca fortalecer e promover o design e a moda brasileira, apoiando marcas de alcance internacional e preservando a autenticidade e criatividade delas.
Evolução do e-commerce após pandemia e o impacto no setor
Com o fechamento de lojas físicas e as restrições de movimentação, o comércio eletrônico tornou-se uma ferramenta crucial para muitas marcas e varejistas. O e-commerce ganhou ainda mais importância, com as empresas investindo em plataformas online, melhorando a experiência do usuário em seus sites e aplicativos, implementando medidas de segurança no processo de entrega e oferecendo opções de compras virtuais, como provadores virtuais e atendimento ao cliente online.
Além disso, os avanços tecnológicos têm desempenhado um papel fundamental como agentes de mudanças e impulsionadores da criatividade. Através da tecnologia, as opções de cores, aplicação de materiais e técnicas inovadoras têm se multiplicado, com destaque para a modelagem 3D e a prototipagem rápida. Essas inovações têm estimulado o desejo dos consumidores e apresentado desafios inéditos aos estilistas, impulsionando a indústria da moda brasileira a explorar novas fronteiras.
Desafios da indústria da moda brasileira
Assim como em outros países, o Brasil também enfrenta problemáticas presentes nessa indústria. Muitos negócios têm investido em soluções sustentáveis que mitiguem danos ao meio ambiente e incentivem a luta contra a exploração do trabalho, comumente relacionada ao segmento. Entre os maiores desafios da indústria, destacam-se:
- Exploração da mão de obra: a precariedade do setor afeta principalmente as mulheres, que, de acordo com um levantamento realizado pela ONU e o Ministério Público do Trabalho (MPT), enfrentam jornadas duplas e triplas, violência e assédio, além de dificuldades em conciliar a maternidade com a alta demanda de produção. Com falta de infraestrutura e rede de apoio, muitas vezes as crianças ficam junto às mães no local de trabalho em ambientes precários.
- Poluição: a produção em massa de roupas resulta em um consumo excessivo de recursos naturais, como água e energia, além da geração de grandes quantidades de resíduos têxteis. A utilização de produtos químicos tóxicos na fabricação de tecidos e corantes também contribui para a poluição do solo, da água e do ar.
Por isso, tem surgido uma tendência no mercado que fomenta o aparecimento de indústrias slow fashion, que utilizam de técnicas como upcycling e utilização de materiais recicláveis para a confecção de roupas, de modo a diminuir o consumo de recursos na produção.
- Uso excessivo de agrotóxicos: a produção de fibras é de extrema importância para a confecção de roupas e o algodão é um das mais importantes matérias-primas para essa finalidade. No entanto, a utilização demasiada de defensivos agrícolas pode acarretar em problemas ambientais e de saúde pública. Em Paraíba, na cidade de Ingá, agricultores locais têm provado a possibilidade de crescimento na produtividade e no faturamento com a produção de algodão orgânico, sem adição de pesticidas. Esses produtores chamaram a atenção da Natural Cotton Color, empresa que confecciona peças com algodão agroecológico, que realizou um desfile no local de plantio, mostrando ser possível prosperar em um mercado focado na sustentabilidade.
Para saber mais sobre a história da estilista Zuzu Angel e um panorama da indústria da moda nos anos 1950, clique aqui: Acervo Digital Zuzu Angel
Para saber mais sobre Nilza Rodrigues Lisboa e a Rua dos Biquínis, clique aqui: G1 – Livro conta história da moda praia e da Rua dos Biquínis em Cabo Frio, RJ – notícias em Região dos Lagos (globo.com)
Para saber mais sobre a história da moda no Brasil e o seu cenário econômico geral, clique aqui (cartilha do SENAI em PDF): SENAI-praia.pdf (firjansenai.com.br)
Para saber mais sobre o Texbrasil, clique aqui: Home – Texbrasil
Para saber mais sobre os dados levantados acerca da precarização do trabalho na indústria da moda, clique aqui: Mulheres na Costura: Informalidade e Violência Seguem Presentes na Indústria da Moda em São Paulo • modefica