Inovações tecnológicas na indústria de fertilizantes


A indústria de fertilizantes é fundamental para garantir a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do Brasil, que é um dos maiores produtores agrícolas do mundo e, consequentemente, um grande consumidor e importador de nutrientes.

No entanto, o setor nacional ainda apresenta pouca participação na produção de fertilizantes usados na produção interna. De acordo com informações divulgadas pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-primas para Fertilizantes (Sinprifert), ainda que o Brasil se destaque como o quarto maior produtor mundial de grãos, o país conta com apenas 22 plantas industriais, pertencentes a 11 empresas produtoras de fertilizantes. 

Se você quiser saber mais sobre a indústria de fertilizantes e seus desafios, clique aqui e leia nosso texto sobre o assunto: Caminhos para o fortalecimento da indústria de fertilizantes – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)

Além da dependência externa, o país ainda enfrenta desafios relacionados à poluição do solo e da água causados pelo uso errôneo de fertilizantes ou pelo uso de produtos não sustentáveis no processo de plantio. 

Resíduos industriais são estudados como potencial fonte de nutrientes para o campo


Nesse contexto, a busca por inovações que aumentem a sustentabilidade e a eficiência da cadeia produtiva de fertilizantes não só é necessária, mas estratégica para o desenvolvimento e autonomia da agroindústria brasileira.

É o caso da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT), que renovou, em abril deste ano, a parceria com a empresa PB Leiner Brasil para continuar desenvolvendo um projeto de pesquisa que visa transformar resíduos industriais em fertilizantes para uso na agricultura familiar.

Desde 2019, pesquisadores avaliaram o lodo industrial gerado pela PB Leiner e conseguiram transformá-lo em um fertilizante que pode ser utilizado para o cultivo do Capim Marandu, obtendo resultados satisfatórios. A empresa é líder mundial no mercado de gelatina e colágeno hidrolisado, que utiliza matéria-prima advinda do couro bovino. Durante o processo de tratamento dos efluentes industriais, são gerados resíduos denominados lodo biológico e lodo primário/DAF (Dissolved Air Flotation), que são os materiais utilizados na pesquisa.

Com o novo contrato, a Empaer e a PB Leiner Brasil vão trabalhar juntas pelos próximos dois anos para continuar desenvolvendo essa tecnologia sustentável e promissora para a agricultura familiar. A pesquisa já mostrou a viabilidade do uso do resíduo como fonte de fertilizante orgânico, o que pode ser uma alternativa econômica e ecologicamente correta para a produção agrícola.

Na segunda fase do projeto de pesquisa, serão realizados testes de campo com dosagens variando de cinco a 80 toneladas de lodo por hectare. O objetivo é avaliar a dose de máxima eficiência para o uso do fertilizante obtido a partir dos resíduos industriais da PB Leiner Brasil.

Outras inovações no setor de fertilizantes

Além da iniciativa da Empaer-MT, a EMBRAPII vem inovando na agroindústria ao desenvolver o FertiSystem elétrico, sistema inovador no mundo para manejo de fertilizantes. Desenvolvido pelo FertiSystem Group em parceria com a EMBRAPII e o Instituto Senai de Inovação Metalmecânica, o sistema distribui fertilizantes de forma precisa e eficiente, evitando excessos ou carência e gerando mais economia e sustentabilidade no uso de fertilizantes nas linhas de semeadura.

Com a análise do solo feita por GPS, o sistema inteligente distribui fertilizante de acordo com a demanda do solo, mitigando os impactos ambientais da aplicação de produtos químicos no solo e aumentando a produção de alimentos de forma economicamente viável.

Com o ambicioso Plano Nacional de Fertilizantes, criado em 2022 e que tem como objetivo reduzir a dependência externa do setor para 50% até 2050, outras tecnologias que vêm sendo desenvolvidas também podem desempenhar um grande impacto para a indústria de fertilizantes brasileira, de modo a trazer progresso sustentável e autonomia ao setor. São elas:

  • Amônia verde: é uma forma de produção de amônia a partir do hidrogênio verde, trazendo benefícios ambientais ao reduzir a poluição atmosférica e contribuindo para mitigação das mudanças climáticas.

  • Fertilizantes de liberação controlada: são uma categoria de fertilizantes que liberam nutrientes de forma gradual e controlada ao longo do tempo, proporcionando uma nutrição mais equilibrada e sustentável para as plantas. Eles oferecem diversos benefícios, como maior eficiência na utilização de nutrientes, redução de perdas por lixiviação, diminuição da frequência de aplicação e menor risco de toxicidade.

  • Nanofertilizantes: utilizam nanopartículas para transportar os nutrientes até as células das plantas, aumentando a absorção e a translocação. Esses fertilizantes podem reduzir as doses necessárias, melhorar a qualidade dos produtos agrícolas e minimizar os riscos ambientais.

  • Biofertilizantes: contêm microrganismos benéficos, como bactérias fixadoras de nitrogênio, que ajudam a melhorar a saúde do solo, aumentar a absorção de nutrientes pelas plantas e fortalecer sua resistência a pragas e doenças. Além disso, eles também podem ajudar a reduzir o uso de fertilizantes químicos e, consequentemente, os impactos ambientais negativos associados.

Para saber mais sobre a iniciativa da Empaer-MT, clique aqui: EMPAER

Para saber mais sobre a iniciativa da EMBRAPII e o FertiSystem, clique aqui: Tecnologia inédita promete revolucionar a aplicação de fertilizantes no solo – Embrapii

Para saber mais sobre o uso de nanofertilizantes e biofertilizantes, clique aqui: O potencial dos nanofertilizantes para aumentar a produtividade e sustentabilidade da agricultura – Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade (ipea.gov.br)

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