Indústria de transformação desempenha papel importante e estratégico na economia brasileira
A indústria de transformação é um dos setores mais importantes da economia mundial, responsável por transformar matérias-primas em produtos finais ou intermediários que serão utilizados por outras indústrias ou consumidores finais. Essas atividades industriais muitas vezes envolvem o uso de máquinas e equipamentos de alta tecnologia, e são responsáveis por uma parte dos empregos e do PIB em muitos países, incluindo o Brasil.
Esse segmento industrial utiliza matérias-primas provenientes de diferentes setores, como produção agrícola, mineração, pesca, extração florestal e outras atividades industriais. As atividades dessa indústria ocorrem em plantas industriais e têm como resultado a produção de bens tangíveis, ou seja, mercadorias. Além disso, alguns serviços também podem ser oferecidos, como montagem de componentes de produtos industriais, instalação de máquinas e equipamentos, manutenção e reparação.
Os produtos gerados nesse setor são diversos, como por exemplo os automóveis, que são fabricados a partir da transformação de materiais como aço, plástico e borracha. Outro produto importante é o papel, que é produzido a partir da celulose. A indústria alimentícia também é uma grande geradora de produtos, como os cereais matinais, que passam por diversas etapas de transformação até chegar ao produto final.
Além disso, a indústria de transformação também produz itens como roupas, móveis, equipamentos eletrônicos, medicamentos, cosméticos, e muitos outros. Todos esses produtos são essenciais para a economia e para o bem-estar das pessoas, e são resultado da capacidade humana de transformar matérias-primas em produtos úteis e valiosos.
De acordo com a CNI, a indústria brasileira emprega 10,3 milhões de trabalhadores, representando 21,2% dos empregos formais do país. Responsável por 23,6% do PIB nacional, a indústria é impulsionadora do comércio internacional, correspondendo a 71,8% das exportações brasileiras. Além disso, é responsável por 66,4% dos investimentos empresariais em pesquisa e desenvolvimento, 34,4% da arrecadação de tributos federais e 29,7% da arrecadação previdenciária patronal.
Se você quiser saber mais sobre o papel da indústria no Brasil, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: O papel da Indústria no Brasil – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
O setor de transformação, sozinho, corresponde a 12% do PIB brasileiro e é responsável por empregar 7,25 milhões de pessoas, representando 70% dos empregos formais na indústria. O segmento também investe mais do que qualquer outro setor da economia em inovação, sendo responsável por 62,5% dos investimentos empresariais em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Os 10 setores industriais que mais impactam no PIB são, respectivamente:
- Alimentos (17,3%);
- Derivados de petróleo e biocombustíveis (10,6%);
- Químicos (8,8%);
- Máquinas e equipamentos (5,3%);
- Metalurgia (5,0%);
- Farmoquímicos e farmacêuticos (4,9%);
- Veículos automotores (4,9%);
- Produtos de metal (4,6%);
- Borracha e material plástico (4,0%);
- Manutenção e reparação (4,0%).
Em 2021, o número de estabelecimentos da indústria de transformação, por porte, era de 280.542 (micro e pequenas empresas), 17.196 (médias empresas) e 4.414 (grandes empresas).
No geral, ela é dividida em três grupos: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo. Os bens de capital são produtos usados para a produção de outros bens ou serviços, como máquinas e equipamentos. Os intermediários produzem produtos que serão transformados por outras indústrias. Os de consumo são responsáveis pela produção de mercadorias para o mercado consumidor, como eletrônicos e alimentos, dividindo-se em duráveis, como roupas e calçados, e não duráveis, como alimentos e remédios.
Desafios da indústria de transformação
Apesar de indicar a força da indústria brasileira, os valores também refletem a diminuição histórica de sua participação no PIB nas últimas décadas. Em 1985, a indústria respondia por mais de 46% de presença no PIB, onde apenas a de transformação possuía 35,9% dessa proporção. Esse processo de redução na participação da indústria, conhecido como desindustrialização, também ocorreu em outros países durante o final do século XX. Nesse período, muitos países buscaram equilibrar diversos setores da economia, incluindo indústria, comércio, serviços e agronegócio, e o Brasil não foi exceção.
No país, porém, a desindustrialização ocorreu de maneira precoce ao levar em conta o contexto histórico no qual a nação brasileira se encontrava, com uma indústria ainda em desenvolvimento e sem o mesmo aparato tecnológico que outros polos internacionais tinham. Com isso, o Brasil começou a exportar e produzir cada vez mais produtos de baixo valor agregado, como as commodities, que são mercadorias de origem primária, como grãos, minérios, madeiras, gado e óleos.
Além da disparidade tecnológica em comparação com outros países, outros fatores que contribuem para a indústria brasileira não alcançar seu potencial máximo são os juros e taxas de câmbio altas, transferência de plantas industriais e a financeirização da economia. É crucial salientar que a indústria de transformação também é o setor mais sobrecarregado com impostos (em 2017, a carga tributária sobre este setor atingiu 46,2%, enquanto a média geral foi de 25,2%), o que a afeta negativamente.
Relacionado a isso está o Custo Brasil, uma expressão que abrange um conjunto de desafios econômicos, estruturais, burocráticos e trabalhistas que encarecem os preços de produtos e serviços nacionais e de sua logística. Seus efeitos negativos eventualmente trazem consequências ao investimento de empresas e seu desenvolvimento. De acordo com estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), por exemplo, os diversos elementos que compõem o Custo Brasil retiram, por ano, cerca de R$ 1,5 trilhão das empresas instaladas no país, o equivalente a 20% do PIB nacional.
Para resolver este problema, são necessárias iniciativas públicas e privadas para, de acordo com especialistas, direcionar a economia para a reindustrialização do país. Entre as metas governamentais que podem incentivar esse quadro está a Reforma Tributária, que está em discussão no poder legislativo e executivo e que traz a possibilidade de uma reestruturação do sistema de impostos no Brasil. Com ela, será possível diminuir cargas tributárias relacionadas ao Custo Brasil.
Se você quiser saber mais sobre o Custo Brasil e os possíveis impactos da Reforma Tributária na indústria, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Indústria e a Reforma Tributária – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
É importante, também, adotar novas tecnologias, como inteligência artificial, robótica, big data e automação industrial, para otimizar processos e criar uma indústria completamente digital. Para isso, é necessário que os empresários da indústria compreendam o papel dessas mudanças no ambiente industrial, investindo em inovação e capacitação de profissionais para prosperar na Indústria 4.0.
Se você quiser saber mais sobre o que pequenas e médias indústrias podem fazer para inovar, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: PMEs: inovação é risco desnecessário? – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Para saber mais sobre os indicadores da indústria de transformação brasileira, clique aqui: Produção – CNI – Perfil da Indústria Brasileira (portaldaindustria.com.br)