O Gerenciamento pelas Diretrizes (GPD), também conhecido como “Hoshin Kanri” no Japão, é uma metodologia de gestão que busca alinhar as ações de uma organização com seus objetivos estratégicos. Surgiu no Japão na década de 1960, como uma evolução do pensamento e das práticas da administração japonesa pós-guerra, sendo inicialmente desenvolvido pelo professor Yoji Akao, com o objetivo de aprimorar a gestão de qualidade nas empresas.

No Brasil, o GPD começou a ser adotado ao longo das últimas décadas, principalmente por empresas que buscavam melhorar sua competitividade e sua capacidade de atender às demandas do mercado. Com o tempo, sua aplicação se estendeu para organizações de diferentes setores, incluindo indústria, serviços, saúde e governo.

A metodologia é utilizada para garantir que todos os membros da organização estejam trabalhando em direção a um propósito comum, tornando-se uma abordagem sistemática para gerenciar mudanças em processos críticos da empresa. 

Esse sistema administrativo busca promover a sinergia entre os diferentes níveis hierárquicos, estimulando a colaboração, o alinhamento estratégico e a melhoria contínua. Ao envolver todos os membros da organização, o GPD permite uma gestão mais integrada e eficiente, direcionando os esforços para alcançar resultados consistentes e sustentáveis.

Nesse contexto, o método conceitua dois sistemas de gestão principais, sendo eles:

• Gerenciamento Funcional: é responsável por cuidar da manutenção e melhoria contínua das operações diárias de uma empresa ou instituição. Também conhecido como “Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia” ou “Gerenciamento pela Organização”, esse tipo de gerenciamento envolve o controle da qualidade e vai além, abrangendo a prática da Gestão pela Qualidade Total, visando garantir que as atividades do dia-a-dia sejam realizadas de forma eficiente e com alto padrão de qualidade.
  
  

• Gerenciamento Interfuncional: é voltado para a solução de problemas prioritários da alta administração, por meio do desdobramento das diretrizes e do controle interfuncional. Nesse tipo de gerenciamento, busca-se alinhar as diferentes áreas funcionais da organização, trabalhando de forma integrada para resolver questões estratégicas. Através do compartilhamento de informações, colaboração e coordenação entre os departamentos, o gerenciamento interfuncional visa alcançar os objetivos estratégicos estabelecidos pela alta administração.
  
  

Um aspecto fundamental para o sucesso do GPD é o comprometimento da alta direção. Os líderes precisam estar engajados e serem os principais promotores dessa abordagem de gestão. Eles devem fornecer recursos adequados, apoiar a capacitação dos colaboradores e demonstrar, por meio de suas ações, a importância do GPD para o sucesso organizacional.

Os benefícios do uso do GPD no negócio são muitos, resultando no aprimoramento dos processos administrativos e operacionais da organização, tais como:

• Alinhamento estratégico;
  
• Definição clara de metas e diretrizes;
  
• Sinergia entre as áreas da organização;
  
• Evolução consistente e sustentável ao longo do tempo;
  
• Estímulo ao pensamento sistêmico;
  
• Identificação de oportunidades de aprimoramento;
  
• Implementação de ações corretivas;
  
• Melhoria contínua dos resultados.

No entanto, o GPD também apresenta desafios. Um deles é a necessidade de engajamento de todos os níveis hierárquicos da organização. A metodologia requer uma mudança cultural e uma abordagem participativa, o que pode exigir esforços para superar resistências e promover a colaboração entre os diferentes setores.

Outro desafio é a definição adequada das metas e diretrizes. É preciso garantir que sejam realistas, mensuráveis e alinhadas com a estratégia da organização. Caso contrário, o GPD pode se tornar apenas um exercício burocrático, sem impacto efetivo na melhoria dos resultados. De acordo com Vicente Falconi Campos, autor do livro “TQC. Controle da Qualidade Total no Estilo Japonês”, a implantação do GPD não segue uma regra única e muitas empresas japonesas descobriram que é um processo de “tentativa e erro”. Cada empresa ou instituição possui seu próprio caminho a percorrer.

GPD na indústria

Quanto às aplicações do GPD, há uma variedade de possibilidades e áreas que podem se beneficiar de seu uso devido a flexibilidade da metodologia, que permite ser adaptada às necessidades específicas de cada organização, tornando-se uma ferramenta versátil e abrangente.

Na indústria, o método encontra diversas aplicações e proporciona benefícios significativos. Uma das áreas em que o GPD pode ser aplicado é a gestão de processos produtivos, onde a metodologia auxilia na definição de metas claras, identificação de oportunidades de melhoria e implementação de ações corretivas para aumentar a eficiência e a qualidade da produção. O sistema também pode ser utilizado na gestão da cadeia de suprimentos, promovendo a integração entre fornecedores e clientes, otimizando a logística e garantindo o atendimento das demandas do mercado de forma mais eficaz.

Outra aplicação importante na indústria é na gestão da qualidade. Através da definição de diretrizes e metas relacionadas à qualidade dos produtos, o GPD possibilita o monitoramento e controle dos processos, a análise de indicadores de desempenho e a implementação de ações corretivas para garantir a conformidade com os padrões estabelecidos. Isso resulta em produtos de maior qualidade, redução de desperdícios e retrabalhos, além de influenciar no aumento da satisfação do cliente.

Além disso, o GPD pode ser aplicado na gestão de projetos industriais, contribuindo para o planejamento estratégico, o desdobramento das metas em projetos específicos, o acompanhamento do progresso e a análise de resultados. Com essa abordagem, as empresas podem garantir a entrega de projetos dentro do prazo, dentro do orçamento e com os resultados esperados.

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