A indústria de embalagens tem implicações significativas que vão além da proteção de produtos. O tamanho, material e design das embalagens têm um impacto direto nos custos de armazenagem e transporte, além de influenciarem a percepção estética do cliente.
De acordo com um estudo macroeconômico realizado pela FGV sobre a indústria brasileira de embalagens, o valor bruto da produção física alcançou a marca de R$ 123,2 bilhões em 2022, registrando um aumento de 3,9% em relação ao ano anterior.
Uma análise por segmento de mercado revela que as embalagens plásticas e metálicas, que representaram conjuntamente 57,7% do total em 2021, viram sua participação diminuir em 3,3 pontos percentuais, encerrando o ano de 2022 com uma fatia de 54,4% (sendo 33,6% para as embalagens plásticas e 20,8% para as embalagens metálicas).
Por outro lado, os segmentos de Papelão Ondulado, Cartolina, Papel Cartão e Vidro apresentaram resultados positivos na comparação entre 2022 e 2021. No geral, esses três segmentos aumentaram sua participação em 3,3 pontos percentuais em 2022, passando de 30,2% no ano anterior para 33,5% no último ano.
A principal instituição representativa do setor é a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), uma entidade de referência que atua como ponto de encontro para empresas e profissionais da indústria de embalagens no Brasil.
No que diz respeito à categorização das embalagens fabricadas e utilizadas, é importante compreender as diferentes funções desempenhadas por cada uma delas. As embalagens podem ser segmentadas em primárias, secundárias e terciárias, como visto a seguir.
Embalagem primária
A embalagem primária, também conhecida como embalagem de venda ou unidade de consumo, desempenha uma série de funções essenciais. Além de armazenar e proteger o produto, ela deve cumprir regulamentações específicas e fornecer informações importantes, como data de validade e instruções de uso.
Esse tipo de embalagem muitas vezes é caracterizado por seu uso estético e pela valorização da marca, visto que o consumidor terá um contato direto com o produto embalado. É importante que ela seja projetada de forma a garantir a estabilidade do produto no ponto de venda e oferecer proteção adequada, utilizando a quantidade mínima de material necessário.
Embalagem secundária
A embalagem secundária, por sua vez, consiste no agrupamento das embalagens primárias e tem como objetivo adicionar maior proteção e facilitar a comercialização em escala. Geralmente composta por caixas de papelão ou plástico, a embalagem secundária deve ser resistente ao empilhamento, manuseio e transporte, garantindo a integridade dos produtos durante toda a cadeia de suprimentos.
Além de sua função prática, a embalagem secundária também pode desempenhar um papel estético, atraindo a atenção do cliente, especialmente quando destinada à venda direta ao público ou ao negócio no qual o produto será comercializado.
Embalagem terciária
A embalagem terciária engloba tanto as embalagens primárias quanto as secundárias, criando uma unidade de carga maior, como paletes, contêineres ou caixas de papelão modulares. Sua função principal é garantir a estabilidade da carga durante o transporte e o armazenamento, otimizando o espaço e protegendo os produtos de danos.
Ao escolher o tipo de embalagem adequado, é essencial considerar uma série de fatores. As características do produto, como seu estado físico, peso, volume, fragilidade e perecibilidade, desempenham um papel fundamental na escolha da embalagem. Além disso, o processo de produção e embalagem, as condições de transporte e armazenagem, o impacto ambiental, a localização no ponto de venda e a conformidade com regulamentos e legislações aplicáveis também devem ser levados em consideração. A seleção cuidadosa da embalagem adequada é crucial para garantir a proteção do produto, otimizar a logística e atender às necessidades do mercado.
Tipos de embalagem
- Embalagens de papel: são amplamente utilizadas devido ao seu baixo custo e facilidade de produção, sendo comumente empregadas para produtos não perecíveis ou usadas como embalagens secundárias. Além disso, o papel é um material reciclável e oferece uma ampla diversidade de tipos, desde papelão até papéis mais nobres, como o papel duplex. No entanto, é importante ressaltar que as embalagens de papel apresentam algumas fraquezas, como a pouca proteção contra choques mecânicos e umidade.
- Embalagens plásticas: possuem grande versatilidade e maleabilidade, com destaque para materiais como o PET, utilizado em garrafas de refrigerantes, e o BOPP, comumente presente em embalagens de alimentos, como salgadinhos e doces. Esses materiais plásticos são populares devido ao seu baixo custo de produção e transporte, leveza e praticidade.
No entanto, é importante observar que, quando expostos a temperaturas muito altas, os plásticos podem liberar componentes tóxicos, exigindo cuidado no manuseio e armazenamento adequado. Além disso, as embalagens feitas com esse material apresentam um grande potencial negativo no meio ambiente.
- Embalagens de vidro: possuem a capacidade de proteger o conteúdo contra odores e contaminantes externos. Além disso, o vidro é um material sustentável, pois pode ser reciclado inúmeras vezes, sendo também altamente versátil ao poder assumir diversas formas conforme necessário.
Apesar de suas vantagens, as embalagens de vidro também possuem algumas desvantagens. A densidade relativamente alta do vidro resulta em embalagens pesadas, o que pode aumentar os custos de transporte. Além disso, em caso de queda, há o risco de fragmentos de vidro cortantes, o que requer cuidado no manuseio.
- Embalagens metálicas: destacam-se o alumínio, o aço inoxidável e a folha de flandres como os metais mais comumente empregados. Esses materiais oferecem vantagens significativas, como facilidade de moldagem em diferentes formatos e tamanhos, resistência para suportar grandes empilhamentos e proteção eficiente para o conteúdo das embalagens.
No entanto, é importante mencionar que as embalagens metálicas apresentam algumas desvantagens. Um dos principais desafios é o risco de corrosão e contaminação de alimentos a longo prazo, sendo uma solução comum a utilização de vernizes especiais de revestimento, embora isso possa aumentar o custo total do material.
- Embalagens bioplásticas: Diante do impacto ambiental causado pela produção e descarte de plásticos convencionais, as embalagens bioplásticas surgiram como uma alternativa sustentável e economicamente viável, sendo produzidas a partir de vegetais, como milho, batata e mandioca. Os bioplásticos possuem características físicas semelhantes às dos plásticos tradicionais e sua principal vantagem é a capacidade de biodegradação, o que evita a poluição do solo e dos corpos d’água por longos períodos de tempo, contribuindo para a preservação do meio ambiente.
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