Modelo econômico prevê equilíbrio entre mercado, desenvolvimento e sustentabilidade ao propor mudanças estruturais na maneira como se vê a economia
Diante dos movimentos públicos e privados das últimas décadas, focados em adotar práticas sustentáveis nos diversos segmentos que compõem a economia devido aos impactos cada vez mais visíveis das mudanças climáticas, a humanidade vem estudando soluções e conceitos que podem auxiliar no desenvolvimento de um cenário econômico que se proponha a enfrentar esses desafios.
Diferentemente da economia tradicional, que se baseia em modelos lineares de produção e consumo, onde os recursos são extraídos, produzidos, consumidos e descartados, a economia regenerativa tem como premissa a criação de sistemas cíclicos, que permitem a visualização sistêmica que interconecta o indivíduo, a comunidade, as empresas, os governos, as cadeias de valor e a natureza com suas matérias-primas finitas.
Os especialistas que estudam acerca da possibilidade de implementação da Economia Regenerativa argumentam que, com o reconhecimento dos ciclos da natureza das redes humanas, é possível adicionar variáveis que considerem o valor desses elementos na contabilidade, de modo que seja possível quantificar e projetar o uso desses recursos para evitar escassez e colapsos socioeconômicos.
De acordo com o estudo Measuring regenerative economics: 10 principles and measures undergirding systemic economic health, em português, Mensurando a economia regenerativa: 10 princípios e medidas que sustentam a saúde econômica sistêmica, realizada por pesquisadores de instituições americanas e austríacas, é necessário compreender o protagonismo da humanidade que, com sua capacidade de realizar trabalho, gera condições materiais para a manutenção da vida; e o protagonismo da natureza – em outras palavras, do meio no qual o indivíduo e a comunidade estão inseridos -, que propicia o sustento necessário ao trabalho a partir de seus recursos.
Ainda no artigo, os autores defendem que o investimento em inovação, empreendedorismo e sustentabilidade, aliados ao financiamento contínuo do bem-estar social, como a educação, saúde e infraestrutura, possuem o potencial de gerar uma estrutura socioeconômica autossuficiente e duradoura.
Os pilares da Economia Regenerativa
A partir dessa linha argumentativa, os 10 princípios expostos na pesquisa trazem consigo possibilidades de implementação teórica nos modelos econômicos e de contabilidade vigentes. Há quatro pilares relacionados ao tema que são utilizados para categorizar os princípios. São eles:
Circulação: Para impulsionar o desenvolvimento econômico, é essencial entender e controlar a circulação de capital, ideias, informações e recursos energéticos. O conhecimento sobre como esses recursos interagem é tão crucial quanto ter uma quantidade suficiente disponível.
Princípios relacionados:
1. Controlar a circulação de energia, informação, recursos e dinheiro;
2. Reinvestimento;
3. Obtenção de recursos limpos;
4. Entrega de resultados limpos.
Estrutura organizacional: Propõe-se que empresas se conectem em redes para trabalhar em conjunto em prol da sociedade. Compartilhando recursos naturais e integrando-os, a economia, a sociedade e o meio ambiente podem ser fortalecidos.
Princípios relacionados:
5. Integração entre pequenas, médias e grandes organizações;
6. Resiliência e eficiência;
7. Estimular diversidade.
Relacionamentos e valores: Redes econômicas sólidas são construídas por trabalhadores que produzem mais colaborando do que atuando sozinhos.
Princípios relacionados:
8. Promover relacionamentos mutuamente benéficos e valores comuns;
9. Promover atividades construtivas e limitar processos extrativistas e especulativos.
Aprendizagem coletiva: A humanidade é uma experiência de aprendizado colaborativo que forja novos conhecimentos e molda a sociedade e a percepção coletiva sobre como o mundo funciona. A troca de conhecimento e a colaboração são estratégias essenciais para a longevidade e a regeneração econômica.
Princípios relacionados:
10. Promover aprendizagem eficaz, adaptativa e coletiva.
É importante ressaltar que a Economia Regenerativa ainda é um conceito relativamente recente no meio científico e muitas pesquisas ainda estão sendo feitas para desenvolver a aplicabilidade da tese. Além disso, cada sociedade possui suas particularidades, como cultura e história próprias. Isso significa que, mesmo com um modelo econômico e estrutural viável, as especificidades do contexto de um país trarão a necessidade de adaptações. Dito isto, hoje já é possível compreender e implementar práticas que influenciam positivamente o mercado e a natureza, como o uso da ESG no negócio.
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Para saber mais sobre o artigo científico citado no texto, clique aqui (artigo em inglês): Measuring regenerative economics: 10 principles and measures undergirding systemic economic health – ScienceDirect