Com uma longa história que remonta aos primórdios da civilização humana, a pesca desempenha um papel fundamental na economia global, fornecendo alimentos e sustento a milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a prática da pesca está presente desde o período colonial, se mantendo relevante até os dias atuais.
Além do mercado interno, a indústria pesqueira também tem seus produtos comercializados internacionalmente, como mostra o estudo conduzido pela Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), revelou que as exportações da piscicultura brasileira, modalidade de pesca em que os peixes são criados em cativeiro, registraram um aumento significativo de 15% em faturamento no ano de 2022, alcançando a marca de US$ 23,8 milhões.
O levantamento apresenta o maior valor já alcançado na história do setor. Os Estados Unidos se destacaram como o principal destino do pescado brasileiro, sendo responsáveis por 81% das exportações nacionais. A tilápia (Oreochromis niloticus), que frequentemente é a espécie de destaque nas vendas para outros países, apresentou um crescimento notável de 28% nas exportações em comparação com o ano de 2021, totalizando um valor de 23,2 milhões de dólares.
O setor desempenha uma série de atuações significativas na economia. Algumas das principais atividades no país incluem:
- Captura de peixes: o setor é responsável pela captura de uma ampla variedade de espécies marinhas, tanto para consumo doméstico como para exportação. Atualmente, o principal centro industrial pesqueiro do Brasil encontra-se em Itajaí, no estado de Santa Catarina. Nessa região, além de outras variedades de peixes, destaca-se a exploração da sardinha verdadeira (Sardinella brasiliensis).
- Aquicultura: área em crescimento no Brasil que se refere à criação de peixes, crustáceos e moluscos em cativeiro. Diversas espécies são cultivadas, incluindo tilápia, camarão e ostra. Dentro dessa modalidade se encontra a piscicultura, que engloba apenas a criação de peixes.
- Turismo de pesca: a diversidade de espécies e a riqueza dos ecossistemas marinhos e fluviais do Brasil atraem pescadores esportivos de todo o mundo. O turismo de pesca é uma atividade econômica significativa em muitas regiões costeiras e de água doce.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é responsável por coordenar as políticas de pesca e aquicultura no país, promovendo o desenvolvimento sustentável do setor, enquanto o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) são órgãos fiscalizadores que têm a função de proteger e preservar os recursos pesqueiros, garantindo o cumprimento das leis ambientais.
As boas práticas desse segmento são dispostas pela Lei nº 11.959/2009, que dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca e estabelece normas gerais para a pesca e a aquicultura no Brasil ao abordar temas como a pesca artesanal, a pesca industrial, a criação de animais aquáticos e a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos.
Desafios e oportunidades da indústria pesqueira
Atualmente, a indústria da pesca enfrenta uma série de desafios complexos. A pesca excessiva e a pesca ilegal são questões preocupantes que ameaçam a sustentabilidade dos recursos pesqueiros, onde a demanda crescente do setor têm levado à diminuição das populações de peixes em muitas áreas do mundo.
Para enfrentar esses desafios, surgiram abordagens inovadoras, tais como a pesca sustentável, que tem sido promovida como uma solução viável, incentivando práticas que garantam a renovação dos estoques pesqueiros. Entre as principais práticas da pesca sustentável, pode-se destacar:
- O estabelecimento de limites no número de animais pescados;
- A criação de áreas de proteção marinha;
- O uso de técnicas de pesca seletiva que minimizem as capturas acidentais de espécies no processo.
A tecnologia e inovação também desempenham um papel importante na indústria da pesca. Desde o uso de sonares avançados para identificar cardumes até o desenvolvimento de sistemas de monitoramento em tempo real, as inovações tecnológicas estão melhorando a eficiência e a sustentabilidade das operações de pesca.
A aquicultura também tem experimentado avanços significativos impulsionados pela tecnologia, que vem sendo aplicada para melhorar a eficiência, a sustentabilidade e o manejo dos sistemas de produção. Entre as soluções inovadoras na área, pode-se citar:
- Sistemas de monitoramento e controle automatizados para garantir a qualidade da água;
- Uso de sensores, IoT e análise de dados para obter informações em tempo real sobre o comportamento dos peixes, alimentação, saúde e crescimento;
- Adoção de sistemas de alimentação automatizados para fornecer alimentos de forma eficiente e controlada;
- Aplicação de técnicas de genética e reprodução para melhorar a produtividade e a resistência dos organismos aquáticos;
- Utilização de tecnologias de identificação e rastreamento para garantir a origem e a qualidade dos produtos aquáticos.
Para saber mais sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, clique aqui: L11959 (planalto.gov.br)
Para saber mais sobre o levantamento da Embrapa, clique aqui: Exportações da piscicultura brasileira batem recorde – Portal Embrapa