A história da agricultura brasileira é rica e deve ser conhecida por todos que querem compreender o agronegócio no país
Desde os primórdios da humanidade, a agricultura sempre foi um dos pilares mais importantes para a sobrevivência e o desenvolvimento das civilizações. Através dela, foi possível produzir alimentos em grande quantidade e fornecer as necessidades básicas para a população. Com o passar do tempo, a agricultura evoluiu e se tornou um dos setores mais importantes da economia global, responsável por garantir a estabilidade financeira de muitos países.
No Brasil, a indústria que nasceu da agricultura possui uma história vasta e complexa. Durante sua fase de descobrimento, o país fornecia pau-brasil para os setores de produção europeus da época. À medida que a colonização aconteceu, as riquezas naturais brasileiras se mostraram cada vez mais presentes em todo o solo nacional. Sua fauna e flora diversa, os rios e a extensão de solo fértil são únicos, o que torna possível a plantação e inúmeras espécies de grãos, legumes, árvores frutíferas e vegetais no geral.
Entre os séculos XVI e XIX, o Brasil passou por várias fases de desenvolvimento econômico. Uma das mais importantes foi o ciclo da cana-de-açúcar, que impulsionou a economia colonial por muitos anos. Durante esse período, a nação brasileira tornou-se um das principais produtoras mundiais de açúcar, além de tabaco e algodão. Essas atividades foram fundamentais para a colonização portuguesa no país, que dependia muito do comércio com a Europa.
No entanto, no século XVIII, os holandeses começaram a produzir açúcar nas Antilhas, o que acabou com o monopólio brasileiro no mercado europeu. Isso marcou o fim do ciclo da cana-de-açúcar e o início de uma nova fase na história do Brasil: o ciclo do ouro.
Durante os primeiros 60 anos do século XVIII, a extração de ouro foi a principal atividade econômica do Brasil. No entanto, com o esgotamento das minas, a economia brasileira começou a passar por mudanças significativas. Novas atividades econômicas foram desenvolvidas, como a produção de café, a pecuária e a indústria têxtil. Essas mudanças levaram a uma maior diversificação da economia brasileira e marcaram o início de uma nova fase de desenvolvimento.
Ainda nessa época, com o aumento da população nas regiões sul e sudeste, houve uma maior demanda por alimentos, o que impulsionou o desenvolvimento da produção agrícola. O mercado interno começou a crescer, tornando-se cada vez mais importante para a economia do país. Essa mudança levou à necessidade de uma produção interna de alimentos, que pudesse suprir as necessidades dos novos habitantes. Além disso, a mudança da capital do Estado do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro refletiu a importância crescente da região sudeste na economia e na política do país.
A atividade cafeeira começou a se consolidar no Brasil ainda no século XVIII. O cultivo do grão logo se tornou uma atividade fundamental para o agronegócio, impulsionando o desenvolvimento de diversas regiões do país. Somente no século XIX o café alcançou seu auge como produto de exportação, assumindo a liderança do comércio exterior do país após o declínio da mineração. O sucesso do produto foi tão grande que levou à criação de novas estradas de ferro e ao surgimento de cidades prósperas no interior do país, que prosperaram em torno dessa cultura.
Essa demanda global pelo café brasileiro também teve um impacto significativo na sociedade brasileira. A escravidão foi intensificada para atender à demanda crescente por mão-de-obra, e muitas famílias imigrantes vieram para o país para trabalhar nas plantações. Em 1929, porém, o preço do café despencou devido a crise econômica mundial. Houve, então, uma intervenção por parte do governo para adotar políticas públicas e estratégias que diversificassem não só a agricultura brasileira, mas o mercado interno e externo no geral.
Modernização do agronegócio brasileiro
A agricultura brasileira, mesmo após ser diversificada, ainda possuía uma produtividade baixa em comparação com outros países. Em 1950, por exemplo, menos de 2% das propriedades rurais utilizavam máquinas agrícolas no processo de plantio e colheita. Além disso, de acordo com um estudo publicado em 1971 pelos pesquisadores Edward Schuh e Eliseu Alves, esse baixo rendimento tinha raízes na falta de conhecimento acerca do solo e seus possíveis usos.
“Muito pouco se sabe sobre a resposta destes solos às aplicações de fertilizantes. A capacidade de gerar e desenvolver novas variedades de altos rendimentos é limitada. Pouca pesquisa tem sido feita sobre a resposta dos rebanhos à aplicação de níveis crescentes de ração, ou sobre quais são as rações ótimas. Ignora-se quais as combinações de atividades mais lucrativas nas fazendas, e pouca pesquisa tem sido feita sobre as doenças tropicais dos rebanhos e lavouras”, afirmaram os estudiosos no artigo científico.
Foi durante a década de 70, então, que o Brasil começou a ter seus primeiros avanços quanto à produtividade no agronegócio. Em 1973, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) foi criada, fortalecendo o desenvolvimento no setor. Essa instituição pública de pesquisa tem como objetivo desenvolver soluções tecnológicas para o agronegócio brasileiro. É responsável por importantes avanços na agricultura e pecuária brasileiras, incluindo o desenvolvimento de variedades de plantas, técnicas de manejo de solo, sistemas agroflorestais, entre outros.
Ao longo dos anos 80 até os dias atuais, o país investiu cada vez mais em tecnologias que propiciam uma maior eficiência no plantio. Entre as principais inovações utilizadas no Brasil nas últimas décadas, pode-se destacar:
– Fertilizantes: tiveram grande impacto na cadeia produtiva, fornecendo nutrientes para plantas em larga escala.
– Sistemas de Irrigação: propiciam um ambiente de segurança contínua para as plantações. Com essa tecnologia, é possível fazer com que as plantas sobrevivam por longos períodos de estiagem.
– Máquinas agrícolas: o uso delas torna possível plantar e colher em áreas maiores e em menor tempo, diminuindo o esforço humano no processo.
– Biotecnologia: com essa ciência, foi possível fazer avanços significativos na área de genética. Um dos exemplos são os transgênicos, que são produtos geneticamente modificados, onde se isola um gene de outra espécie para inserir na planta escolhida, a fim adicionar propriedades pertinentes, como proteção à pestes, resistência ao ambiente, além mudanças no tamanho, cor e suculência da planta.
Essas adaptações no campo mudaram drasticamente o papel do agronegócio e sua escala no Brasil. Entre 1975 e 2017, por exemplo, a produção de grãos cresceu mais de seis vezes, saindo de 38 milhões de toneladas e atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou. Na pecuária, a nação brasileira está apenas atrás dos Estados Unidos em produção de carne bovina, ocupando o segundo lugar como maior produtor mundial e primeiro lugar como exportador do produto.
O fato é que, hoje, o agronegócio é uma peça fundamental na agricultura nacional e internacional, sendo responsável por cerca de 10% da produção mundial de trigo, soja, milho, cevada, arroz e carne bovina. Os avanços tecnológicos da Indústria 4.0, que estão se popularizando aos poucos nos diversos setores industriais, também estão impulsionando um desenvolvimento gradual na agricultura brasileira.
Com as inovações na área, será cada vez mais possível diminuir desperdícios e aumentar a produtividade em toda a cadeia ao automatizar tarefas com plantadeiras e colheitadeiras autônomas, melhorar análises com drones com sensores de clima e umidade do solo, além de sistemas inteligentes que utilizam IA para auxiliar na gestão do campo.
Se você quiser saber mais sobre o uso das IAs na agricultura como impulsionadora de eficiência e sustentabilidade, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Como a IA pode revolucionar a agricultura sustentável – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Para saber mais sobre o estudo de 1971 sobre a agricultura brasileira, clique aqui: https://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/consulta/busca?b=ad&id=688794&biblioteca=vazio&busca=o desenvolvimento da agricultura no brasil&qFacets=(o desenvolvimento da agricultura no brasil) AND ((autoria:”SCHUH, G.E.”))&sort=&paginacao=t&paginaAtual=1