A agricultura de baixo carbono é uma abordagem voltada para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas à produção agrícola. Por isso, ela tem ganhado destaque no debate público e no econômico devido ao fato de a produção agropecuária ser uma das principais fontes de emissão desses gases, contribuindo para as mudanças climáticas.
Essa abordagem envolve a adoção de técnicas e tecnologias específicas. Entre elas, destacam-se o sistema de plantio direto, que evita o revolvimento excessivo do solo e promove a conservação da água e do solo, e a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), outra prática importante, que combina diferentes atividades agrícolas em um mesmo espaço, promovendo a diversificação e a preservação dos recursos naturais.
A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) possui três modalidades. A primeira é a consorciada, na qual o plantio ocorre entre vegetação nativa ou outras culturas já estabelecidas. A segunda é baseada na rotatividade, envolvendo o cultivo de diferentes espécies em ciclos específicos ao longo do ano. Por fim, há a sucessão, que consiste no cultivo de diferentes culturas sem levar em consideração o tipo de planta ou finalidade da terra.
Além destas técnicas, é possível destacar outras igualmente importantes, como visto a seguir:
- Rotação de culturas: alternar as culturas a cada safra para evitar o esgotamento do solo e promover a diversidade agrícola.
- Sistemas agroflorestais (SAFs): combinar cultivo agrícola e plantio de árvores em uma mesma área, otimizando o uso da terra e proporcionando benefícios ambientais.
- Recuperação de pastagens degradadas: revitalizar pastos esgotados, fornecendo nutrientes adicionais ao solo e restaurando sua capacidade produtiva.
- Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN): introduzir bactérias que são capazes de fixar o nitrogênio atmosférico nas sementes das plantas, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos e diminuindo as emissões de gases relacionados.
- Florestas plantadas: utilizar áreas degradadas para o plantio de florestas, tanto de espécies nativas como exóticas (como pinus e eucalipto), contribuindo para o sequestro de carbono.
O Plano ABC e sua importância para a agricultura de baixo carbono
O Plano ABC é uma política pública estratégica que estabelece as medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas no setor agropecuário, visando cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nesse setor.
Aprovado em 2011, o Plano ABC incentiva ações que promovam a agricultura de baixo carbono. Para isso, são implementados programas específicos, que abrangem diversas iniciativas:
- Recuperação de Pastagens Degradadas;
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs);
- Sistema Plantio Direto (SPD);
- Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN);
- Florestas Plantadas;
- Tratamento de Dejetos Animais;
- Adaptação às Mudanças Climáticas.
Entre 2010 e 2018, com o Plano ABC alcançando 105% da meta estabelecida para a redução das emissões de gases de efeito estufa, viu-se o potencial de se criar políticas públicas para o desenvolvimento de uma agroindústria mais sustentável. Para o período de 2020 a 2030, o Plano ABC foi atualizado para ABC+, estabelecendo como metas principais:
- Manter o estímulo à adoção e manutenção de práticas sustentáveis;
- Fortalecer a transferência de tecnologias;
- Estimular a pesquisa e desenvolvimento de práticas sustentáveis;
- Criar mecanismos de reconhecimento e valorização dos produtores sustentáveis;
- Fomentar fontes econômicas e financeiras sustentáveis;
- Aprimorar o sistema de gestão;
- Incentivar a regularização ambiental das propriedades rurais.
A iniciativa também traz, consigo, a presença de linhas de crédito focadas no desenvolvimento sustentável do setor, de modo a incentivar os produtores rurais. Entre estas linhas de crédito, pode-se citar:
- ABC FIXAÇÃO;
- ABC RECUPERAÇÃO;
- ABC INTEGRAÇÃO;
- ABC PLANTIO DIRETO;
- ABC FLORESTAS;
- ABC ORGÂNICO;
- ABC TRATAMENTO DE DEJETOS;
- ABC DENDÊ;
- ABC AMBIENTAL.
Para saber mais sobre o Plano ABC, clique aqui (arquivo em PDF): Plano ABC em PDF (gov.br)