Acessibilidade é dever, não uma escolha

Dados do IBGE apontam que milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. Entenda porque incluí-los é fundamental ao projetar serviços e produtos

A inclusão é um tema cada vez mais importante na sociedade atual, sendo uma questão que envolve a aceitação, o respeito e a valorização das diferenças individuais. O conceito se refere ao processo de garantir que todas as pessoas, independentemente de suas características e peculiaridades, tenham acesso aos mesmos direitos, oportunidades e recursos.

De acordo com o relatório da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, o Brasil conta com cerca de 17,2 milhões de indivíduos, representando 8,4% da população, que possuem algum tipo de deficiência. Dentre os diferentes tipos, as deficiências físicas em membros inferiores, visuais e em membros superiores atingiam, respectivamente, 7,8 milhões, 7 milhões e 5,4 milhões de pessoas. Além disso, 5,3 milhões de indivíduos apresentavam mais de uma deficiência, enquanto 2,5 milhões possuíam algum tipo de deficiência mental e 2,3 milhões de pessoas tinham deficiência auditiva.

De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), porém, foi levantado que aproximadamente 46 milhões de pessoas, correspondendo a cerca de 24% da população brasileira, possuem alguma dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (como enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), incluindo algum modo de deficiência mental ou intelectual.

Segundo especialistas, a mudança de valores nesses dois levantamentos se dá por diferenças metodológicas e o Censo 2022 poderá trazer indicadores mais precisos. Fato é que a presença de pessoas com deficiência (PCD) é grande, evidenciando a necessidade de investir em fatores que assegurem a dignidade de todos, por isso, a sua adoção é fundamental em diversas esferas sociais.

Dentre as áreas que promovem a acessibilidade, a engenharia desempenha um papel importante. A partir de projetos, inovações tecnológicas e método científico, é possível estudar os problemas presentes na sociedade e, a partir da análise, propor soluções que facilitem ou enriqueçam a vida de todos.

É o caso da rampa de acesso, parte da calçada ou de edificações presente em muitas das grandes cidades, sendo uma inovação relativamente recente na história arquitetônica. Antes da sua popularização, as pessoas com deficiência física tinham dificuldades para se locomover entre locais e tinham acesso limitado a muitos espaços públicos e privados. No Brasil, a Lei de Acessibilidade de 1988 previu a garantia dessa parte tão comum das construções e ruas brasileiras.


Tal invenção, porém, acabou sendo vista como uma solucionadora de outros desafios. Por exemplo, trabalhadores conseguem transportar grandes pesos ou produtos frágeis de maneira mais simples e segura. A trafegabilidade de idosos, crianças, gestantes, ciclistas também foi favorecida.


Podemos citar outras inovações responsáveis por um ambiente urbano mais acessível, como as ciclovias e faixas táteis, sistemas de transporte acessível como ônibus com elevadores, banheiros adaptados e sinaleiras com sinalização sonora.

Além disso, projetos de acessibilidade também podem ser desenvolvidos em fábricas, prevendo não só a inclusão de trabalhadores que possuem algum tipo de deficiência, como também a adição de sistemas que promovam uma maior segurança e produtividade para os colaboradores no geral.

Acessibilidade na indústria


Para além da inclusão urbana, projetar produtos acessíveis pode ser um fator determinante para o desenvolvimento das indústrias. Donald Norman, pesquisador de Design renomado mundialmente, defende a importância da acessibilidade ao afirmar que o design de produtos deve ser acessível para todos, independentemente de suas habilidades ou deficiências. De acordo com sua tese, que é respeitada por diversos setores do mercado, adaptações feitas para tornar um produto acessível podem ser úteis para todos os usuários, indo desde o design simples de um site até o layout de botões de uma usina nuclear, projetado para ser mais seguro e intuitivo.


Por isso, ao desenvolver produtos acessíveis, há uma possibilidade significativa de aumentar o público-alvo da empresa, uma vez que os produtos serão capazes de atender não só as necessidades dos consumidores PCD, mas também o público geral.

Entre as muitas iniciativas e inovações utilizadas na criação de bens de consumo e serviços mais acessíveis, pode-se destacar:

  • Design universal: adotar uma abordagem, que garante que os produtos possam ser usados por todas as pessoas;
  • Testes com usuários: envolver pessoas com diferentes tipos de deficiências e habilidades para testar produtos e fornecer feedback sobre a sua usabilidade;
  • Tecnologia assistiva: incorporar meios e alternativas como software de reconhecimento de voz ou leitores de tela;
  • Informações claras: instruções de uso de fácil compreensão dos consumidores, independentemente de sua alfabetização ou habilidades linguísticas;
  • Co-criação: trabalhar com organizações de pessoas com deficiência e outras partes interessadas para garantir que os produtos atendam às necessidades e expectativas dos consumidores finais.



Para saber mais sobre o Censo 2010, clique aqui: Pessoas com deficiência | Educa | Jovens – IBGE



Para saber mais sobre a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, clique aqui (arquivo em PDF): liv101846.pdf (ibge.gov.br)

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