A relação comercial entre Brasil e Paraguai é uma história longa e multifacetada, marcada por uma combinação de cooperação, integração e desafios superados. Embora tenham passado por um período conturbado durante a Guerra do Paraguai, que ocorreu entre 1864 e 1870, os países conseguiram superar suas diferenças e, hoje, são parceiros fundamentais na região.
A proximidade geográfica, onde se compartilha uma fronteira terrestre com mais de 1.300 quilômetros de extensão, e o contexto geopolítico entre Brasil e Paraguai são fatores-chave que impulsionam a colaboração e a integração entre as duas nações.
A importância dessa parceria está ligada diretamente ao desenvolvimento econômico e social de ambas as nações, e é fortalecida através de acordos comerciais e iniciativas de cooperação em diversos setores produtivos, gerando benefícios recíprocos e consolidando-se como uma das mais estratégicas da América do Sul.
A balança comercial entre os dois países sul americanos vêm conquistando bons resultados nos últimos anos, movimentando US$ 7,15 bilhões em 2022, com um fluxo de US$ 3,5 bilhões em exportações para o mercado paraguaio e US$ 3,6 bilhões em importações.
Os principais produtos que o Brasil exportou ao Paraguai em 2022 foram, respectivamente:
- Máquinas agrícolas (com exceção dos tratores) e suas partes – FOB US$ 192 milhões (5,4%);
- Demais produtos da indústria de transformação – FOB US$ 167 milhões (4,8%);
- Veículos automóveis de passageiros – FOB US$ 163 milhões (4,6%);
- Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos) – FOB US$ 145 milhões (4,1%);
- Inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas e outros – FOB US$ 108 milhões (3,1%);
- Papel e cartão – FOB US$ 99,8 milhões (2,8%);
- Tratores – FOB US$ 98,3 milhões (2,8%);
- Bebidas alcoólicas – FOB US$ 97,7 milhões (2,8%).
Já na balança de importações de 2022, os produtos de origem paraguaia foram, principalmente:
- Energia elétrica – FOB US$ 1,25 bilhão (34%);
- Milho não moído, exceto milho doce – FOB US$ 526 milhões (14%);
- Carne bovina fresca, refrigerada ou congelada – FOB US$ 210 milhões (5,8%);
- Arroz sem casca ou semi elaborado – FOB US$ 203 milhões (5,6%);
- Equipamento para distribuição de energia elétrica – FOB US$ 196 milhões (5,4%);
- Soja – FOB US$ 178 milhões (4,9%);
- Trigo e centeio, não moídos – FOB US$ 108 milhões (3,0%);
- Inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas e outros – FOB US$ 97 milhões (2,7%);
As grandes iniciativas econômicas entre os dois países
Como dois países integrantes do Mercosul e da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), há um constante movimento para o fortalecimento de ambas as nações a partir de acordos bilaterais de fomento à indústria, comércio, educação e cultura.
É o caso do Acordo de Complementação Econômica nº 74 (ACE-74), que foi assinado em fevereiro de 2020 e representa um marco para o aprofundamento da integração entre Brasil e Paraguai em temas da agenda econômico-comercial. Tal acordo tem como objetivo fortalecer a cooperação bilateral em temas como a facilitação de comércio e a cooperação aduaneira, complementando os entendimentos já existentes no âmbito do Mercosul. O 1º Protocolo Adicional ao ACE 74, internalizado pelo Decreto nº 10.493 de 2020, dispõe sobre o comércio de produtos do setor automotivo entre Brasil e Paraguai.
Somado a isso, há também os investimentos em infraestrutura, sendo a usina hidrelétrica de Itaipu um exemplo emblemático desse tipo de parceria. Inaugurada em 1984, a Itaipu é a segunda maior usina hidrelétrica do mundo em produção de energia elétrica, com capacidade instalada de 14.000 MW.
O projeto de construção da usina foi um esforço conjunto dos dois países, que compartilham a administração e a propriedade da usina e dividem igualmente a energia gerada por Itaipu, o que contribui para o fornecimento de eletricidade para as populações de ambos os países.
É importante mencionar, porém, que o Tratado de Itaipú, que fez 50 anos em abril deste ano, é alvo de discussões e críticas acerca de sua disposição, visto que o Paraguai só pode vender o excedente da energia gerada pela usina para o Brasil, o que é considerado por muitos cidadãos paraguaios como desfavorável à economia do país.
Entretanto, iniciativas vêm sendo desenvolvidas para trazer uma solução ao problema. Com a aproximação da renegociação do Tratado, os governos se mostram otimistas quanto ao caminho que essa aliança estratégica tomará, como visto nas últimas falas públicas sobre o assunto pelo presidente paraguaio eleito, Santiago Peña, que assumirá o cargo em 15 de agosto e que afirmou que planeja discutir sobre a renegociação com o governo brasileiro, e pelo atual presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que ressaltou, durante a posse do novo diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, que é preciso considerar as assimetrias e realidades distintas do Brasil e do Paraguai. “Tenho a certeza de que faremos um tratado que leve muito em conta a realidade dos dois países e o respeito que o Brasil tem que ter por seu aliado”, afirmou Lula.
Para saber mais sobre os dados referentes à exportação e importação entre Brasil e Paraguai, clique aqui: Comex Stat – ComexVis (mdic.gov.br)
Para saber mais sobre as relações diplomáticas entre os dois países, clique aqui: República do Paraguai — Ministério das Relações Exteriores (www.gov.br)
Para saber mais sobre a ACE 74, clique aqui: ACE 74 – Brasil-Paraguai — Ministério da Economia (www.gov.br)
Para saber mais sobre a posição do presidente eleito no Paraguai, Santiago Peña, acerca do Tratado de Itaipú, clique aqui: Paraguai: ‘Quero discutir com Lula próximos 50 anos de relação’, diz presidente eleito | Mundo | G1 (globo.com)
Para saber mais sobre a posição do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, acerca do Tratado de Itaipú, clique aqui: Negociação do Anexo C levará em conta a realidade de Brasil e Paraguai, diz Lula | ITAIPU BINACIONAL