O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) liderou, durante os últimos dias, as negociações com o governo chinês acerca de três memorandos relacionados às trocas bilaterais entre os países com foco no desenvolvimento industrial, abordando investimentos na área, economia digital e facilitação do comércio.
Segundo informações da Agência Brasil, a cooperação industrial entre os países envolve setores como mineração, energia, infraestrutura, logística, indústria de transformação, alta tecnologia, agroindústria, medicamentos e biotecnologia.
É importante destacar também a confluência de interesses ambientais na parceria entre Brasil e China, com a busca por investimentos em energia renovável, infraestrutura verde e manejo sustentável de florestas. Isso pode abrir oportunidades para a indústria brasileira desenvolver tecnologias e soluções sustentáveis, atendendo a demanda crescente por produtos e serviços ambientalmente responsáveis no mercado global.
“As conversas em torno de cada área serão pautadas também por questão ambiental, dada a importância do tema para os chineses e para o governo brasileiro. Entre os assuntos de interesse ambiental está a atração de investimentos em energia renovável, infraestrutura verde, manejo sustentável de florestas, tecnologia e inovação”, afirmou o MDIC.
Os memorandos e seus impactos na economia
Os memorandos relacionados ao desenvolvimento industrial e que foram incumbidos ao MDIC são, respectivamente:
Cooperação Industrial: o memorando prioriza o setor privado e busca investimentos e trocas tecnológicas em áreas estratégicas como mineração, energia, infraestrutura e logística (estradas, ferrovias, portos, gasodutos), indústria de transformação (carros, máquinas, construção, eletrodomésticos), alta tecnologia (medicamentos, equipamentos médicos, tecnologia da informação, biotecnologia, nanotecnologia, setor aeroespacial) e agroindústria.
Economia Digital: as conversas visam a construção de uma infraestrutura econômica capaz de integrar tecnologias interativas e inteligentes em atividades como manufatura avançada, transporte, finanças, educação e saúde, incluindo redes de banda larga, tecnologia 5G e cidades inteligentes, com medidas para impulsionar a transformação digital e a inovação.
Comércio: o memorando de facilitação de comércio busca eliminar barreiras e adotar boas práticas comerciais e regulatórias em temas de interesse bilateral, com canais de comunicação eficientes, apoio a feiras comerciais e medidas para agilizar a circulação e liberação aduaneira, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico mútuo.
Inovação é tema comum entre as novas parcerias das duas nações
Conforme destacado por Aloizio Mercadante, atual presidente do BNDES, os recursos serão disponibilizados em duas operações e destinados ao financiamento de projetos de infraestrutura, transição ecológica, energia limpa e industrialização no Brasil.
“É uma parceria muito importante, pois melhora bastante as nossas condições de financiamento e mostra que nós temos uma relação histórica muito profunda. No passado, o BNDES tinha financiado os gasodutos e agora retomamos essa relação imediatamente com esse empréstimo de R$6,5 bilhões”, ressaltou Mercadante sobre parte dos recursos da China, que vem em forma de empréstimo para o BNDES.
Celebrou-se, também, pactos inovadores entre governos estaduais e instituições brasileiras com os parceiros chineses. Um desses acordos é um memorando de entendimento assinado pelo governo do Ceará com uma empresa chinesa para a realização de estudos conjuntos de projetos de energias renováveis, abrangendo a energia eólica em terra e no mar, a energia solar, bem como o promissor hidrogênio azul e verde, no estado nordestino.
Outra iniciativa pioneira prevê uma estreita cooperação entre a Fiocruz e a prestigiada Academia Chinesa de Ciências no campo da saúde, visando a avanços científicos e tecnológicos de vanguarda.
O que a indústria brasileira ganha com a parceria?
Os novos acordos e memorandos reacendem o debate sobre a importância de se pensar na industrialização brasileira como uma necessidade para a soberania nacional e para a autonomia industrial do país.
As atuais conjunturas na geopolítica mundial, que vem demonstrando uma tendência cada vez maior entre países desenvolvidos de investirem na reindustrialização para disputarem lugar na economia global, trazem para o Brasil a oportunidade de conquistar uma posição estratégica nesse cenário.
Se você quiser saber mais sobre estratégias para a reindustrialização brasileira, de acordo com a CNI, clique aqui e leia nosso texto sobre o assunto: 12 estratégias para a reindustrialização – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Para isso, é fundamental para a nação brasileira investir no próprio setor com políticas industriais eficientes e buscar por parcerias que fomentem o crescimento da produtividade e do alcance da indústria nacional, focando, também, no desenvolvimento da indústria da transformação, que perde cada vez mais espaço no balanço comercial brasileiro.
Se você quiser saber mais sobre a indústria da transformação brasileira, clique aqui e leia nosso texto sobre o assunto: Indústria de Transformação: potencial e desafios – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Se você quiser saber mais sobre o contexto das políticas industriais brasileiras, clique aqui e leia nosso texto sobre o assunto: As distintas faces da política industrial – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Os pactos e memorandos entre Brasil e China, então, têm o potencial de se mostrarem grandes aliados para o progresso do setor industrial brasileiro, e abrem espaço para o Brasil pensar nas oportunidades focadas em inovação que podem surgir no horizonte e no potencial que a cooperação com outros países pode trazer.
Fonte: Agência Brasil – Brasil e China assinam memorandos para nova industrialização (ebc.com.br)
Para saber mais sobre a nota do presidente do BNDES sobre as novas parcerias com a China, clique aqui: Brasil e China assinam acordos para infraestrutura e industrialização | Radioagência Nacional (ebc.com.br)