A indústria de sementes no Brasil é uma peça-chave na cadeia produtiva do agronegócio brasileiro, sendo responsável pela produção e disponibilização de sementes de alta qualidade que serão a base para a produção de alimentos, rações, fibras e outros produtos agrícolas.
No início do século XX, a produção de sementes estava voltada principalmente para a agricultura de subsistência, com ênfase em culturas como arroz, milho, feijão e mandioca. A indústria de sementes nessa época era caracterizada por produção localizada e em pequena escala, com sementes muitas vezes sendo produzidas pelos próprios agricultores.
A partir dos anos 1950, com a modernização da agricultura brasileira, o setor começou a se desenvolver, com destaque para culturas como trigo, milho híbrido e, posteriormente, a soja transgênica nas décadas de 1970 e 1980. A partir dos anos 1990, houve aumento na produção de sementes de outras culturas, como algodão, feijão, arroz e milho transgênico, além do destaque na produção de sementes de forrageiras. Essas transformações foram impulsionadas por avanços científicos, tecnológicos e demandas do mercado agrícola, contribuindo para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
Se você quiser saber mais sobre a história do agronegócio brasileiro, clique aqui e leia nosso texto sobre o assunto: Brasil, um gigante no agronegócio – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
O impacto econômico da indústria de sementes é expressivo. Além de suprir a demanda interna de sementes, ela é um importante setor exportador, contribuindo para o equilíbrio da balança comercial brasileira. Hoje, o agronegócio brasileiro é responsável por cerca de 10% da produção mundial de trigo, soja, milho, cevada e arroz.
Produção de sementes na indústria
Dentre as principais sementes produzidas no Brasil, destacam-se:
- Soja;
- Milho;
- Feijão;
- Arroz;
- Trigo;
- Algodão;
- Café;
- Hortaliças (tomate, cenoura, beterraba, etc.);
- Forrageiras (capim, leguminosas forrageiras, etc.).
No que se refere à exportação, a soja, o milho e o café estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil. Em 2022, cada um deles representou, respectivamente, em faturamento:
- Soja: FOB US$ 46,5 bilhões;
- Milho: FOB US$ 12,1 bilhões;
- Café: FOB US$ 8,5 bilhões.
A qualidade das sementes brasileiras, associada à sua adaptabilidade a diferentes climas e solos, tem feito com que o país seja reconhecido mundialmente como um importante produtor e exportador de sementes.
Além disso, o segmento tem sido marcado por constantes inovações tecnológicas. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento têm resultado em novas variedades de sementes com características melhoradas, como resistência a doenças, maior produtividade e adaptabilidade a condições adversas.
O que são sementes transgênicas
A adoção de técnicas de biotecnologia e genômica também tem contribuído para o desenvolvimento de sementes transgênicas, o que tem impulsionado a competitividade da indústria de sementes brasileira no mercado internacional.
Resumidamente, uma semente transgênica é uma semente geneticamente modificada em laboratório para expressar características específicas, como resistência a pragas ou tolerância a herbicidas.
Ao contrário de sementes normais obtidas por cruzamentos naturais, as sementes transgênicas são criadas inserindo genes de uma espécie em outra, permitindo a incorporação de características desejadas. A técnica envolve a manipulação do material genético da planta em nível molecular por meio de engenharia genética.
Alvo de constantes discussões, a grande maioria dos estudos científicos realizados sobre sementes transgênicas não encontrou evidências diretas de que esses produtos causem danos à saúde humana. Organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Food and Agriculture Organization (FAO) e a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS) afirmam que os alimentos produzidos a partir delas disponíveis no mercado são seguros para consumo humano, desde que cumpram com os regulamentos de segurança alimentar estabelecidos pelos órgãos reguladores.
Os riscos ambientais associados ao uso de transgênicos, porém, é alvo de maior debate no meio acadêmico. Assim como outras tecnologias agrícolas, sua aplicação impensada pode causar danos à fauna e à flora local, além do potencial em causar degradação do solo. Por isso, é importante para o produtor fazer uma análise profunda das capacidades produtivas do solo, além de seguir as regulamentações para a plantação adequada dessas sementes.
A qualidade da semente e o Tratamento de Sementes Industrial (TSI)
A diferença entre uma semente de baixa qualidade e uma de alta qualidade é crucial para o sucesso da produção agrícola. Sementes de qualidade inferior podem ter baixa germinação, vigor reduzido, presença de patógenos e danos físicos, o que pode resultar em plantas fracas, baixo rendimento e menor resistência a estresses ambientais.
Sementes de boa qualidade são aquelas que atendem a critérios específicos em relação a quatro critérios fundamentais, sendo eles:
- Critérios físicos: as sementes devem ser de tamanho uniforme, com cor e forma adequadas;
- Critérios fisiológicos: as sementes devem ter alta germinação e vigor;
- Critérios genéticos: deve-se identificar a estrutura genética da semente, além de ser necessário identificar se ela passou por algum processo de modificação genética;
- Critérios sanitários: refere-se à ausência de patógenos, como fungos, bactérias e vírus, que possam prejudicar o desenvolvimento das plantas.
Somado a isso, é indispensável seguir os procedimentos adequados ao plantio, de modo a garantir a segurança e saúde das sementes e plantas. O Tratamento de Sementes Industrial (TSI), portanto, surge dessa necessidade, sendo definido como um processo em que as sementes são tratadas com produtos químicos ou biológicos para protegê-las contra patógenos e pragas, melhorar sua germinação e vigor, e aumentar a produtividade das culturas. O TSI teve origem na década de 1960 e tem sido amplamente adotado na agricultura moderna como uma prática padrão para garantir a qualidade e o desempenho das sementes.
Para saber mais sobre dados de exportação relacionados ao agronegócio, clique aqui: Comex Stat – Exportação e Importação Geral (mdic.gov.br)
Para saber mais sobre o uso de biotecnologia e transgênicos na agricultura, clique aqui e acesse o artigo científico “Biotecnologia na agricultura: Qual caminho o Brasil deve seguir?; NEPOMUCENO, A. L.; DOSSA, D.; FARIAS, J. R. B.; 2007”, da Embrapa: Biotecnologia na agricultura: Qual caminho o Brasil deve seguir? – Portal Embrapa
Para saber mais sobre o Tratamento de Sementes Industrial, clique aqui: Tratamento Industrial De Sementes (TSI) – Syngenta (abrass.org.br)