Biocombustíveis e a economia verde



Os biocombustíveis são fontes de energia renováveis, produzidas a partir de matérias-primas orgânicas, como plantas, óleos vegetais e gorduras animais. Eles podem substituir parcial ou totalmente os combustíveis fósseis, que são derivados do petróleo, do gás natural e do carvão mineral, e que causam diversos impactos ambientais negativos, como a emissão de gases de efeito estufa, o aquecimento global e a poluição do ar, da água e do solo.

Os biocombustíveis apresentam diversas vantagens. Entre elas, pode-se destacar:

  • Redução da dependência externa de petróleo, aumentando a segurança energética dos países produtores;
  • Geração de emprego e renda no setor agrícola e industrial, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social;
  • Diminuição da emissão de CO2 na atmosfera, pois são considerados neutros em carbono, já que o CO2 liberado na sua queima é equivalente ao CO2 absorvido pelas plantas durante o seu crescimento;
  • Aproveitamento de resíduos orgânicos que poderiam ser descartados ou gerar poluição, como o bagaço da cana-de-açúcar, a casca do coco e o óleo de fritura usado.



Os principais tipos de biocombustíveis usados no Brasil são o etanol, o biodiesel e o biogás. O etanol é produzido a partir da fermentação e destilação da cana-de-açúcar ou do milho. Ele pode ser usado puro ou misturado à gasolina nos veículos flex. O biodiesel é produzido a partir da reação química de óleos vegetais ou gorduras animais com um álcool. Ele é adicionado ao diesel de petróleo em diferentes proporções, variando de 5% a 15%. O biogás é produzido a partir da decomposição anaeróbica de materiais orgânicos, como resíduos agrícolas, urbanos e industriais. Ele pode ser usado para gerar eletricidade ou como combustível para veículos.

O uso dos biocombustíveis está diretamente relacionado com a Bioeconomia, que se dedica à análise e compreensão da natureza, seus recursos e os sistemas biológicos que a compõem. Seu objetivo é unir a aplicação de tecnologias inovadoras, capazes de reduzir os impactos ambientais, com a produção e consumo de produtos e serviços mais sustentáveis, em toda a cadeia produtiva.

A partir da Bioeconomia, há projeções que preveem um faturamento anual multibilionário no país – cerca de 238 bilhões de dólares – até 2050, caso seja adotada a total implementação do sistema que abrange três iniciativas: as atuais políticas para mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, a consolidação da biomassa como principal matriz energética em setores importantes da economia e a intensificação de tecnologias biorrenováveis.

Para saber mais sobre a Bioeconomia e suas projeções trilionárias no Brasil, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Sustentável e rentável: conheça a bioeconomia – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)

O protagonismo brasileiro na área de biocombustíveis

O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e no consumo de biocombustíveis, sendo o maior produtor de cana-de-açúcar, fonte importante para a geração de etanol, e o segundo maior produtor de etanol do mundo. O país possui uma matriz energética diversificada e limpa, com cerca de 46% de fontes renováveis, onde apenas produtos originados da cana corresponderam a 18% de toda a matriz em 2020. 

O país também se destaca pela sua política nacional de biocombustíveis, o RenovaBio, um programa criado em 2016 pelo Ministério de Minas e Energia que visa aumentar a participação dos biocombustíveis na matriz de transportes. A iniciativa criou um mercado de créditos de descarbonização (CBios), que são emitidos pelos produtores de biocombustíveis e adquiridos pelos distribuidores de combustíveis, conforme as metas estabelecidas pelo governo.

Nesse contexto, as universidades brasileiras desempenham um papel fundamental na pesquisa sobre biocombustíveis, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico do setor. Elas são reconhecidas internacionalmente pela sua excelência na pesquisa sobre etanol de cana-de-açúcar. É o caso da Universidade Estadual de Maringá, que desenvolveu em 2023 um fertilizante capaz de potencializar o aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar para aumentar a produção de etanol e que foi denominado de MX G2.

Além disso, os pesquisadores brasileiros também realizam pesquisas sobre outros tipos de biocombustíveis, tais quais:

  • Biodiesel de óleos vegetais e gorduras animais;
  • Etanol de segunda geração a partir de celulose e lignina;
  • Biogás e biometano a partir de resíduos orgânicos;
  • Bioquerosene de aviação a partir de óleos vegetais.


O etanol de segunda geração e o futuro dos biocombustíveis


O setor de biocombustível está sempre progredindo e, na medida que as tecnologias e o conhecimento sobre a área crescem, vão sendo desenvolvidas novas tecnologias capazes de aumentar a eficiência dos combustíveis.

O etanol de segunda geração (E2G) exemplifica esse progresso, mostrando o potencial de evolução do setor energético brasileiro. Resumidamente, ele é um biocombustível produzido a partir dos resíduos da cana-de-açúcar, como o bagaço e a palha, que são descartados na produção do etanol de primeira geração (E1G). Essa tecnologia tem o potencial de aumentar a produtividade e a competitividade do setor sucroenergético, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e os impactos ambientais associados à queima da palha e ao uso da vinhaça. 

O E2G permite aproveitar até 250% mais a biomassa da cana-de-açúcar por hectare plantado, gerando mais etanol sem necessidade de expandir a área cultivada. Além disso, ele também pode ser produzido na entressafra e na escassez de áreas de plantio, garantindo maior estabilidade na oferta do biocombustível.

Segundo informações fornecidas pelo BNDES, o etanol de primeira geração, obtido a partir da cana-de-açúcar, é tido como um combustível limpo, capaz de emitir pelo menos 60% menos CO2 do que a gasolina. O E2G será ainda mais capaz de reduzir as emissões de CO2 da gasolina, chegando em até 90% de diminuição, conforme o estudo conduzido pelo Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).

Para saber mais sobre a posição de destaque do Brasil na área de biocombustíveis, clique aqui: Com a matriz energética mais renovável do mundo, Brasil lidera produção de biocombustíveis – (comciencia.br)

Para saber mais sobre a RenovaBio, clique aqui: RenovaBio — Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (www.gov.br)


Para saber mais sobre a inovação feita por pesquisadores brasileiros citada no texto, clique aqui: Projeto da UEM aproveita bagaço de cana-de-açúcar para aumentar produção de etanol | Agência Estadual de Notícias (aen.pr.gov.br)


Para saber mais sobre os dados relacionados ao E2G, clique aqui: Etanol 2G: inovação em biocombustíveis | Artigo (bndes.gov.br)

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