Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), instituição vinculada ao Ministério de Minas e Energia, as usinas hidrelétricas são responsáveis por cerca de 65% da energia elétrica produzida no Brasil. Essa fonte de energia utiliza a força da água, um recurso natural renovável e abundante no país, para gerar eletricidade em grandes estruturas hidráulicas.
O país possui uma das maiores redes fluviais do mundo, com 12 regiões hidrográficas, e abriga algumas das maiores usinas hidrelétricas do planeta, como Itaipu, Belo Monte e Tucuruí.
Resumidamente, uma usina hidrelétrica funciona convertendo a energia cinética da água em energia elétrica. A água é represada em um reservatório, criando uma diferença de altura entre o nível da água acima e abaixo da represa. A água é então liberada através de uma comporta, fazendo com que ela flua com grande velocidade e pressão, movendo as pás de uma turbina. A turbina, por sua vez, faz girar um gerador, que produz eletricidade.
Tal fonte de energia é considerada fundamental para a transição energética e a descarbonização da economia, pois é uma fonte limpa e de baixo custo. Além disso, as hidrelétricas garantem a segurança energética do país e complementam outras fontes renováveis intermitentes, como a eólica e a solar.
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Vantagens da energia hidrelétrica
A energia hidrelétrica apresenta diversas vantagens em relação a outras fontes de energia. Entre elas, pode-se citar:
- A energia hidrelétrica não depende da extração de combustíveis fósseis, que são finitos e poluentes;
- A geração de energia não emite gases de efeito estufa nem gera resíduos tóxicos. Dessa forma, contribui para a redução das emissões de carbono e o combate às mudanças climáticas;
- O custo é baixo em comparação com outras fontes de energia. Isso se deve ao fato de que a água é gratuita e abundante no país, gerando uma longa vida útil e baixa manutenção;
- As usinas hidrelétricas podem regular o fluxo de água e ajustar a produção de energia conforme as necessidades do sistema elétrico;
- Pode ser integrada com outras fontes renováveis intermitentes, como a eólica e a solar. Isso permite aproveitar as vantagens de cada fonte e diversificar a matriz energética do país.
Desafios da energia hidrelétrica
A exploração dessa fonte de energia, entretanto, enfrenta diversos desafios, que vão desde questões ambientais, sociais, econômicas e regulatórias até aspectos técnicos, operacionais e de manutenção.
Um dos principais desafios das usinas hidrelétricas no Brasil é o licenciamento ambiental, que é o processo pelo qual o empreendedor obtém a autorização dos órgãos competentes para implantar e operar o projeto, mediante o cumprimento de uma série de requisitos legais e condicionantes ambientais. O licenciamento ambiental visa garantir que os impactos ambientais e sociais do empreendimento sejam minimizados e compensados, respeitando os direitos das populações afetadas e a conservação dos recursos naturais.
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O licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas no Brasil é visto como complexo e demorado, envolvendo diversas etapas, instâncias e atores. Além disso, o licenciamento ambiental é frequentemente alvo de contestações judiciais, políticas e sociais por parte de organizações não governamentais, movimentos sociais, comunidades indígenas e quilombolas, entre outros. Esses fatores aumentam os custos, os riscos e os prazos dos projetos hidrelétricos, reduzindo sua atratividade para os investidores.
Uma possível solução para esse desafio é fortalecer a capacidade técnica e operacional dos órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento, bem como promover a participação social e o diálogo entre os diferentes interesses envolvidos no processo.
Outro desafio das usinas hidrelétricas no Brasil é o desgaste dos equipamentos causado pela abrasão dos sedimentos presentes na água dos rios. Os sedimentos são partículas sólidas de origem mineral ou orgânica que são transportadas pela correnteza ou depositadas no leito dos rios. A abrasão dos sedimentos provoca o desgaste prematuro das pás das turbinas hidráulicas, reduzindo sua eficiência e vida útil. Além disso, os sedimentos podem obstruir os filtros dos sistemas de captação de água para diversos sistemas acessórios e associados às usinas hidrelétricas, comprometendo seu funcionamento e segurança.
Para essa problemática, mostra-se essencial desenvolver tecnologias e materiais mais resistentes à abrasão dos sedimentos para as pás das turbinas hidráulicas. Além disso, é preciso implementar sistemas de monitoramento, controle e eliminação dos sedimentos nos reservatórios e nas estruturas das usinas hidrelétricas, assim como adotar medidas de manejo integrado das bacias hidrográficas para reduzir a erosão do solo e a produção de sedimentos nos rios.
O impacto da crise hídrica nas hidrelétricas
Além dos desafios citados anteriormente, o Brasil enfrenta uma das piores crises hídricas de sua história, com baixo volume de chuvas e reservatórios de água em níveis críticos. Essa situação afeta diretamente a geração de energia elétrica por hidrelétricas, que dependem diretamente desses recursos. O problema tem origem em uma combinação de fatores climáticos, ambientais e socioeconômicos.
Entre eles, é possível destacar a falta de chuvas nas principais bacias hidrográficas do país apresenta piora constante, o que prejudica a geração de energia hidrelétrica. Esse problema é agravado pelo aquecimento global, que favorece eventos extremos como secas prolongadas, e pelo desmatamento, que reduz a capacidade dos ecossistemas de regular o ciclo da água. Além disso, o aumento da demanda por água e energia acompanha o crescimento populacional e econômico do país.
Isso traz em evidência a necessidade de se pensar na matriz energética brasileira atual como uma transição a um futuro energeticamente mais verde, ao investir-se em fontes renováveis de menor impacto ambiental. Ainda assim, as hidrelétricas brasileiras são fundamentais para se alcançar esse resultado.
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