A força da indústria: Brasil e Oriente Médio


O Brasil, hoje, possui parcerias comerciais entre os variados países e regiões do planeta, o que desempenha um papel estratégico e fundamental no desenvolvimento econômico do país. Dentre essas regiões, é possível destacar a relação entre o Oriente Médio e o Brasil e seus impactos nas indústrias que participam dessa bilateralidade.

Países do Oriente Médio, incluindo Arábia Saudita e Egito, têm se tornado cada vez mais relevantes como parceiros comerciais do Brasil. Em 2021, o comércio entre o Brasil e esses países totalizou US$24,25 bilhões, sendo que as exportações brasileiras representaram cerca de US$14,42 bilhões, um aumento de quase 26% em relação ao ano anterior. Esse resultado é o maior desde 2014.

O Brasil historicamente importou uma quantidade significativa de combustível desses países, que produzem quase 43% do petróleo global. No entanto, a balança comercial também foi favorável ao Brasil, com a compra de outros produtos, como minério de ferro para a produção de alumínio. Além disso, a exportação brasileira de carne de frango e açúcar também se consolidou como um produto comum nessa relação comercial.

As nações que mais importam produtos brasileiros são os Emirados Árabes Unidos (21%), o Irã (20%), a Arábia Saudita (19%), o Omã (8,7%), o Barein (6,3%), o Iraque (6,1%) e o Catar (4,5%). Os principais produtos exportados do Brasil são, respectivamente: 

  1. Carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas – Frangos – 21%;
  2. Minério de ferro e seus concentrados – 13%;
  3. Milho não moído, exceto milho doce – 12%;
  4. Açúcares e melaços – 11%;
  5. Carne bovina fresca, refrigerada ou congelada – 8,7%;
  6. Soja – 6,6%.



Já os países que compõem o Oriente Médio que mais exportam produtos para o Brasil são a Arábia Saudita (45%), Israel (24%), os Emirados Árabes (11%), o Catar (6,6%), o Barein (6,3%) e o Iraque (4,6%), e os principais produtos importados dessas nações são, em ordem:

  1. Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus – 35%;
  2. Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos) – 27%;
  3. Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) – 13%;
  4. Inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas, desinfetantes e semelhantes – 5,4%;
  5. Demais produtos – Indústria da Transformação – 3,1%.



Em 2021, os Emirados Árabes Unidos se destacaram como o principal parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio, com um aumento significativo de 13,21% na receita em comparação com 2020. A Arábia Saudita ficou em segundo lugar, registrando um crescimento de quase 10%. Além desses países, a Argélia e o Marrocos também apresentaram um aumento significativo na corrente de compras brasileira e são potenciais parceiros comerciais no futuro. 

O potencial de firmar parcerias e fechar negócios entre as indústrias brasileiras e as do Oriente Médio é grande


Dada a proporção do impacto que as indústrias dessa região desempenham no país, os setores industriais brasileiros olham para o Oriente Médio como um grande aliado econômico, em que é capaz desenvolver laços cada vez mais fortes para acelerar o progresso do segmento.

É o caso da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que, na Expo 2020 Dubai, liderou uma das maiores missões empresariais focadas no mercado da região já feita pelo Brasil, com o objetivo de abrir portas para parcerias entre empresas no evento.

A Expo 2020 Dubai atraiu a presença de investidores, empresários e autoridades do mundo todo, com o intuito de conhecer melhor o mercado árabe, suas estratégias e seus planos de internacionalização econômica. Foi possível, nesse evento, criar possibilidades de networking e fechamento de negócios a nível global.

A CNI enviou mais de 300 líderes empresariais de diferentes setores para participar da Expo Dubai, por meio da Missão Prospectiva Brasil – Emirados Árabes Unidos. Essa comitiva teve como objetivo aprofundar o conhecimento sobre as formas de atuação no país, buscando oportunidades para exportação, importação e projetos no Brasil.

“O mercado representa uma oportunidade de atuação das empresas brasileiras em todo o Oriente Médio, África e sul da Ásia, usando os EUA como hub logístico para outros países da região. Trata-se de um país rico, em desenvolvimento, com importantes linhas de financiamento e subsídio para estabelecimento de novos negócios”, afirmou o coordenador de Serviços de Internacionalização da CNI na época do evento, Felipe Spaniol.

O presidente da CNI na época do evento, Robson Braga de Andrade, que liderou a missão, também comentou sobre a proporção do evento e as possibilidades que ele abriu. “Embora as Expos sejam eventos, principalmente, para países promoverem sua imagem para o mundo, para o setor privado representam oportunidades de negócios, investimentos e de estreitamento de contatos por reunirem autoridades e lideranças empresariais num único local”, constatou.

Para especialistas, porém, o crescimento dessa parceria, se não bem feita de maneira planejada, com esforço conjunto do setor público e privado, pode levar a um cenário em que o Brasil será cada vez mais exportador de produtos básicos de baixa diferenciação, como os commodities. 

Ao mesmo tempo que tais produtos são muito importantes para o balanço econômico no geral, a falta de produtos manufaturados e feitos pela indústria de transformação gera um desequilíbrio no ciclo produtivo do país, que já é percebido nas últimas décadas com a participação cada vez menor dessa área industrial no PIB brasileiro. Para Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, o país precisa investir em produtos de transformação para se destacar nessa parceria. 

Para saber mais sobre os dados relacionados à participação da indústria na economia brasileira, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: O papel da Indústria no Brasil – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)

Em entrevista à UOL, o secretário-geral afirmou: “Nós temos os achocolatados, sucos, óleo de soja, de milho (…) no caso desses produtos, infelizmente, a gente só exporta para os árabes as commodities”. Mansour também fala sobre o potencial do segmento industrial brasileiro em exportar produtos além da indústria alimentícia, como a venda de bens farmacêuticos e cosméticos. “Acho que o Brasil precisa se destacar um pouco mais, precisa entender que essa cúpula do mundo árabe, especialmente da parte do Golfo, tem como absorver produtos de maior valor agregado de origem brasileira.”, comentou na mesma entrevista.

Para saber mais sobre as exportações e importações do Brasil com os países que compõem o Oriente Médio, clique aqui: Exportações para Catar (fazcomex.com.br)

Para saber mais sobre a Expo 2020 Dubai, clique aqui: Expo Dubai 2020 abre portas e oportunidades para a indústria brasileira – Agência de Notícias da Indústria (portaldaindustria.com.br)

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