Pesquisas da CNI e IBGE apontam para um cenário propício para investimentos em inovação e desenvolvimento
Em pesquisa publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as indústrias brasileiras tiveram como objetivo investir, principalmente, na melhoria do processo produtivo atual (32%), manutenção da capacidade produtiva (27%), aumento da capacidade da linha atual (25%) e na introdução de novos processos, produtos e outras categorias (16%).
Ainda no estudo, foi constatado que 24% das empresas entrevistadas tinham como planejamento investir em pesquisa e desenvolvimento. Esses dados confirmam uma tendência das indústrias em aprimorar suas cadeias produtivas por meio de inovações nas suas respectivas áreas.
Outro levantamento, desta vez realizado pelo IBGE, confirma essa tendência: em 2021, cerca de 70,5% das empresas com mais de 100 funcionários começaram a usar algum produto novo, substancialmente aprimorado, ou introduziram algum processo de negócio novo ou aprimorado para uma ou mais funções de negócios da organização. Os apontamentos estão presentes na Pesquisa de Inovação (Pintec) Semestral 2021.
Essa mobilização por parte dos setores industriais e do mercado em geral corroboram com as constantes evoluções na tecnologia e as mudanças cada vez mais frequentes nas necessidades dos consumidores. Por isso, é essencial que as indústrias desenvolvam novas práticas inovadoras para aprimorar a eficiência em toda a cadeia produtiva, a fim de se manterem competitivas no mercado. Essa transformação é conhecida como Indústria 4.0 e é considerada por muitos especialistas como a mais recente revolução industrial em curso no mundo.
Ao mesmo tempo, outra pesquisa, também da CNI e denominada “Indústria 4.0? novo desafio para a indústria brasileira”, constatou um número alarmante: 57% das pequenas empresas entrevistadas afirmaram não conhecer as inovações industriais que estão remodelando as indústrias. A falta de aplicação é ainda mais evidente quando considera-se que, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), somente 2% das empresas brasileiras estão adotando conceitos da Indústria 4.0, enquanto cerca de 50% das empresas da China e dos Estados Unidos já os estão aplicando.
Para saber mais sobre os levantamento da CNI e da ABDI sobre a Indústria 4.0 em PMEs, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: PMEs: inovação é risco desnecessário? – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Por isso, mostra-se necessário entender o movimento que o mercado global faz para se adaptar às mudanças e, assim, compreender as fases de amadurecimento que as indústrias estão passando para adotar as tecnologias 4.0 em suas cadeias de valor.
Reconhecido mundialmente, Instituto Alemão Acatech define seis etapas de migração das indústrias
Compreender o passo a passo que uma indústria necessita seguir para implementar os processos dessa nova revolução industrial pode ser uma tarefa desafiadora. Por isso, o Instituto Alemão Acatech definiu seis etapas de migração, que vão desde a substituição de registros em papel por sistemas digitais até a automação de processos. Essas fases são, respectivamente:
- Digitalização: a primeira fase envolve a digitalização dos processos e da cadeia produtiva da fábrica. Isso inclui a substituição de registros em papel por sistemas digitais, o uso de softwares de gestão de produção e o armazenamento de dados em servidores;
- Conectividade: ocorre a conexão de máquinas, sensores e equipamentos industriais com sistemas de gestão, permitindo que os dados sejam obtidos diretamente das máquinas e centralizados em um único sistema. Isso aumenta a eficiência na gestão da produção, reduzindo o tempo de parada para manutenção, por exemplo;
- Visibilidade: os dados obtidos através da fase de Conectividade são transformados em informações úteis e relevantes para a tomada de decisões mais assertivas. Essa transformação de dados em informações é feita através da utilização de sistemas de análise de dados, que permitem visualizar e interpretar as informações de forma clara e objetiva. Na indústria, isso pode gerar uma visão mais ampla e completa dos processos produtivos e identificar pontos de melhoria e gargalos;
- Transparência: permite entender por que algo está acontecendo dentro de um processo e possibilita a interpretação das interações. Nessa fase, é necessário analisar e agregar dados, criando informações e contextos que suportem uma tomada de decisão rápida e complexa. Para isso, é comum utilizar novas tecnologias, como big data, que permitem processar e analisar grandes volumes de dados;
- Capacidade preditiva: as informações coletadas e processadas durante as fases anteriores são utilizadas para desenvolver modelos que permitem prever possíveis problemas ou falhas nas máquinas e equipamentos. Isso é possível graças à análise avançada de dados e algoritmos de machine learning, que permitem identificar padrões e tendências nos dados;
- Adaptabilidade: a sexta e última fase da migração permite que a empresa adote um modelo de produção flexível e adaptável às demandas do mercado e às necessidades do consumidor. Isso é possível graças à coleta de dados em tempo real e, quando necessário, ao uso de sistemas autônomos que auxiliem na tomada de decisões.
Senai apresenta guia com cinco etapas para inserção na indústria 4.0 e aumento de produtividade
Além das fases de maturação definidas pela Acatech, o Senai possui um guia com cinco etapas semelhantes em que as pequenas e médias empresas brasileiras podem seguir para se inserir na indústria 4.0. A técnica, adotada pelo Senai e que está presente no programa Brasil Mais Produtivo, registrou um aumento médio de 52% na produtividade das empresas atendidas. São elas:
- Otimização: a empresa deve concentrar-se em aumentar a produtividade do chão de fábrica e reduzir o desperdício para aumentar a margem de lucro. É importante também capacitar os líderes em indústria 4.0 para estarem prontos para a próxima fase;
- Sensoriamento e Conectividade: a corporação ajusta o processo produtivo e instala sensores nas principais linhas de produção para coletar dados em tempo real. Com a capacitação dos técnicos, é possível analisar e tomar decisões rapidamente;
- Visibilidade e Transparência: os dados do processo já coletados pelos sensores são tornados visíveis em uma nuvem e integrados aos indicadores da empresa e da cadeia de valor;
- Capacidade Preditiva, a empresa começa a aprender com o processo produtivo e pode utilizar tecnologias como big data e inteligência artificial para realizar testes e prever diferentes cenário;
- Flexibilidade e Adaptabilidade: os sistemas implantados são capazes de identificar e resolver problemas, além de responder de forma flexível às demandas dos clientes por novos produtos e serviços.
Para saber mais sobre o levantamento da Pintec de 2021, clique aqui: IBGE: 70% das indústrias investiram em inovação em 2021 | Agência Brasil (ebc.com.br)
Para saber mais sobre as etapas de maturidade digital da Acatech, clique aqui: Industrie 4.0 Maturity Index. Managing the Digital Transformation of Companies – UPDATE 2020 – acatech – National Academy of Science and Engineering
Para saber mais sobre as fases de digitalização do SENAI, clique aqui: Empresas podem se tornar 4.0 com pequenas mudanças (sistemafibra.org.br)