Enfraquecida devido conflitos geopolíticos e ascensão da economia chinesa, economia estadunidense direciona seus esforços para a renovação da indústria
Os Estados Unidos, maior potência mundial, hoje enfrenta uma crise sem precedentes. Com o investimento em conflitos geopolíticos ao redor do mundo, como a guerra entre Ucrânia e Rússia, e com a ascensão econômica que acompanha a China por décadas e que gera cada vez mais atritos com o país norte-americano no mercado internacional, os desafios se acumulam e trazem a necessidade de uma reação imediata e focada no desenvolvimento da indústria.
No caso da guerra comercial com o país asiático, a economia estadunidense tem brigado em pé de igualdade por espaço no cenário internacional, devido ao desenvolvimento industrial acelerado da China e investimento maciço em capacitação de profissionais.
Além disso, os últimos anos de pandemia afetaram drasticamente a economia americana. Em 2020, a variação anual do PIB dos Estados Unidos teve o pior resultado registrado desde 1946, data que remete ao fim da Segunda Guerra Mundial, com uma queda de 3,5% da economia, segundo a estimativa preliminar do Departamento do Comércio na época. Durante a crise de covid-19, o país criou políticas de incentivo e segurança familiar como uma tentativa de frear os danos causados pelo cenário, mas a indústria sofreu duros golpes.
Perante os desafios, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um conjunto de leis aprovadas pelo Congresso que impactam diretamente a economia e a indústria. Essas políticas públicas possuem o intuito de remodelar a lógica do mercado nacional e internacional de maneira a enfrentar os avanços tecnológicos e econômicos da China.
Os três programas criados são a Lei de Investimentos e Empregos em Infraestrutura, que destina US$ 1,2 trilhão para a infraestrutura, como renovação de pontes, estradas, redes de comunicação e energias renováveis nos próximos dez anos; a Lei sobre Chips e Ciência (Chips), que projeta o investimento de US$ 280 bilhões para desenvolver a produção de semicondutores; e a Lei de Redução da Inflação (IRA), que estima despesas de US$ 391 bilhões – ou mais – para estimular o setor produtivo a utilizar fontes de energia sustentáveis.
As três leis foram criadas para atuar diretamente na oferta e demanda, de maneira a reconstruir a capacidade da economia com foco na reindustrialização e na inovação e fortalecimento industrial em setores estratégicos como o de semicondutores e energia renovável.
O que a indústria brasileira pode aprender com as iniciativas norte-americanas
De acordo com relatório do FMI feito em janeiro deste ano, o Brasil segue o mesmo padrão das economias globais, em que há uma forte queda no crescimento em 2023 após dois anos seguidos de altos índices.
Fato é que, com o crescente interesse de países de primeiro mundo em adotarem políticas de reindustrialização, a indústria brasileira ainda se encontra em uma neblina de incertezas perante o futuro do setor.
Diante disso, é fundamental estudar as iniciativas de outros países e compreender quais problemáticas e quais soluções podem ser adaptadas e implementadas em nosso solo. No caso dos incentivos à transição energética para fontes de energia verde, uma das principais iniciativas estatais estadunidenses, evidencia-se a importância de investimentos para que cada vez mais indústrias tornem suas matrizes energéticas mais limpas e sustentáveis.
Se você quiser saber mais sobre a transição energética e seus desafios, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Transição energética é necessária, mas desafiadora – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
A importância de uma economia baseada na preservação do meio ambiente fica ainda mais clara com as estimativas de um faturamento industrial anual de US$ 238 bilhões no Brasil até 2050 caso adote-se todas as medidas necessárias para a manutenção da bioeconomia no país.
Se você quiser saber mais sobre a bioeconomia e sua projeção trilionária para o Brasil, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Sustentável e rentável: conheça a bioeconomia – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Outro dos esforços do governo Biden para reindustrializar o país é o investimento na indústria de transformação, com foco na produção de semicondutores e tecnologias de ponta. A indústria de transformação brasileira, hoje, representa cerca de 11% da participação no PIB. A baixa participação desse segmento da indústria se dá por variados fatores, como a baixa competitividade no exterior, poucos incentivos, o aumento do consumo de itens importados por parte da população e os problemas ocasionados pelo Custo Brasil.
Esforços como a Reforma Tributária estão em andamento e podem propiciar um ambiente mais amigável para o desenvolvimento dos segmentos industriais mais afetados, mas o país carece de investimentos no desenvolvimento de inovações tecnológicas e na infraestrutura para seu uso. De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reunião da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é necessário investir em ciência e tecnologia para que o país possa se destacar globalmente, demonstrando tratar tal problema como pauta para os próximos anos.
Se você quiser saber mais sobre a reforma tributária, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Indústria e a Reforma Tributária – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
É importante ressaltar, porém, que o cenário global de crise traz consigo um futuro incerto, onde é necessário analisar como os países centrais estão lidando com os efeitos resultantes disso e, ao mesmo tempo, entender o que pode ser feito a nível local. Com mentalidade resiliente, o empresário da indústria deve procurar soluções que estejam ao seu alcance para que possam evoluir seus negócios mesmo em situações adversas.
Para saber mais sobre os programas de incentivo estadunidenses, clique aqui: Governo de Biden lança estratégia de implementação para programa CHIPS for America de US$ 50 bilhões | TI INSIDE Online
Para saber mais sobre os dados referentes ao FMI, clique aqui: Como economia do Brasil se compara a outros países, segundo projeções do FMI para 2023 – BBC News Brasil