A agroindústria foca cada vez mais em soluções para desenvolver um mercado sustentável
A agricultura é um dos pilares para a geração de riqueza no mundo. Com os avanços da área, foi possível desenvolver comunidades maiores e mais complexas ao longo da história devido a estabilidade que esse segmento garante à estrutura da civilização moderna.
Durante o percurso do tempo, porém, esse progresso trouxe consigo consequências ao meio ambiente. Do uso de agrotóxicos que causam a contaminação da água à degradação do solo por monoculturas de determinados plantios, o impacto produzido por tais práticas encontra-se em curva crescente de visibilidade perante o mercado consumidor e aos órgãos regulatórios nacionais e internacionais.
A sustentabilidade, portanto, se tornou um dos assuntos mais discutidos no meio industrial das últimas décadas, onde cada vez mais empresas buscam, em conjunto com governos, investir em iniciativas que resolvam ou mitiguem problemas ambientais. No agronegócio, borbulham ideias aliadas a tecnologia que podem ser utilizadas para transformar as cadeias de produção agropecuárias em versões mais eficientes e que impactem menos a natureza. Hoje, estima-se que a economia sustentável, ou bioeconomia, pode gerar um faturamento industrial anual de US$ 238 bilhões no Brasil até 2050.
Se você quer saber mais sobre a bioeconomia e sua projeção trilionária no Brasil, clique aqui e veja nosso texto sobre o assunto: Sustentável e rentável: conheça a bioeconomia – Viabiliza + (viabilizamais.com.br)
Os núcleos de debate acerca da sustentabilidade na agricultura e pecuária englobam soluções multidisciplinares e variadas, com iniciativas focadas na segurança alimentar e no combate a desigualdades, nas políticas de desmatamento, gestão de resíduos e na produção de culturas de plantio. Dentre todos esses núcleos, uma ferramenta que tem o potencial de resolver problemas complexos relacionados ao campo é a tecnologia.
Com as transformações constantes da indústria e os desafios gerados a partir delas, torna-se difícil acompanhar as mudanças sem o apoio de tecnologias que possam simplificar a transição de agroindústrias para modelos de negócio mais sustentáveis e capazes de aumentar a rentabilidade ou economia na cadeia de valor.
A Indústria 4.0, termo usado para definir a nova revolução industrial em que a humanidade se encontra, traz consigo uma variedade de inovações que, através da digitalização da agricultura, podem ser adaptadas e usadas no setor em pequena e grande escala.
A inteligência artificial surge nesse contexto como uma facilitadora capaz de automatizar muitos dos processos relacionados ao plantio, à colheita e à logística necessária para sua distribuição.
O que é Inteligência Artificial e como ela pode revolucionar a agricultura
A Inteligência Artificial (comumente chamada de IA, sua sigla em inglês) é uma área da ciência da computação focada no desenvolvimento de um programa capaz de aprender autonomamente para cumprir determinada função.
Na agroindústria, ferramentas baseadas em IA estão se popularizando e sendo utilizadas para desempenhar tarefas complexas de automação, gerenciamento e análise. Em pesquisa realizada pela empresa MaketsandMarkets, é previsto que o uso de inteligência artificial na agricultura global cresça cerca de 25,5% até 2026.
Seu horizonte de aplicações é vasto e altamente personalizável. Entre elas, destacam-se:
- Drones autônomos de monitoramento de plantio;
- Colheitadeiras e semeadoras autônomas e inteligentes;
- Softwares de monitoramento de clima precisos;
- Sistemas de irrigação inteligentes, capazes de analisar a umidade do solo e do ar;
- Programas de análise de dados capazes de auxiliar na tomada de decisões relacionadas ao modelo de negócios e de produção.
Ao apoiar-se no uso de programas de inteligência artificial, o produtor agrícola pode:
- Ter acesso a diagnósticos precisos sobre sua plantação;
- Otimizar os processos de produção;
- Aumentar a produtividade;
- Diminuir os custos relacionados ao gerenciamento e cuidado do plantio;
- Automatizar processos complexos;
- Destacar-se competitivamente;
- Facilitar a tomada de decisão.
Ao adotar tecnologias tais quais a IA, é possível diminuir os danos causados à natureza oriundos do agronegócio, como:
- Diminuir desperdícios;
- Utilizar menos hectares de terra para plantio sem gerar prejuízos;
- Usar menos pesticidas na plantação;
- Criar culturas de plantio diversificadas e eficientes;
- Aumentar a vida útil do solo ao desacelerar sua degradação;
- Produzir mais e com menos perdas.
A implementação digital no campo, porém, possui muitos desafios a serem superados. Junto do potencial transformador concebido pelo uso de tecnologias inovadoras, porém, está a dificuldade do produtor em adotar essas soluções. Em outro levantamento, desta vez realizado pela Embrapa, 47,8% dos agricultores brasileiros e 61,4% das empresas enfrentam problemas de conectividade nas áreas rurais. Essa diferença gritante entre a conectividade do campo e cidade gera um quadro de altos custos na implementação da Indústria 4.0.
Além disso, ainda no mesmo estudo, cerca de 40,9% dos agricultores brasileiros alegam que não adotam tecnologias no campo por falta de conhecimento sobre as tecnologias disponíveis no mercado, o que aumenta o desafio do empresário agrícola em acessar essas inovações. É necessário, então, o investimento em infraestrutura junto de iniciativas de conscientização e educação tecnológica para que a agricultura, além de um segmento gerador de riquezas, seja protagonista na busca por um mundo sustentável e digital.
Para saber mais sobre a pesquisa da MaketsandMarkets sobre o uso da IA no campo, clique aqui (texto em inglês): Artificial Intelligence in Agriculture Market Size Global Forecast, Growth Drivers, Future Opportunities 2030 (marketsandmarkets.com)
Para saber mais sobre a pesquisa da Embrapa, clique aqui: Pesquisa mostra o retrato da agricultura digital brasileira – Portal Embrapa