Especialistas estimam crescimento para o mercado brasileiro de construção civil
Nos últimos anos, a indústria de construção civil teve crescimento constante na sua atuação e faturamento. Segundo dados da Confederação Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2021 houve um aumento de 25,9% nos lançamentos imobiliários, além do crescimento de 12,8% nas vendas em comparação com 2020. No último trimestre de 2022, também ocorreu um aumento de, aproximadamente, 42% no número de lançamentos em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Outro estudo, desta vez desenvolvido pela Brain Estratégica e Abrainc, entrevistou empresários do setor da construção civil e imobiliários e constatou que 62% deles acreditam que ao longo do ano de 2023 o mercado será ainda mais aquecido.
Segundo explica Babiton Espindola, diretora executiva da Urban Company – empresa especialista em investimentos imobiliários -, a pandemia forçou as pessoas a ficar em casa e, com isso, elas descobriram novas necessidades, como um quintal, um espaço de trabalho e uma varanda, por exemplo. “Aliado a isso, ainda tivemos a menor taxa Selic da história, culminando na menor taxa de juros para crédito imobiliário. A soma desses fatores levaram o mercado imobiliário a um grande boom nos últimos anos”, acrescenta Babiton.
Entre os fatores determinantes para o otimismo do mercado, pode-se destacar o crescimento contínuo da indústria imobiliária nos últimos anos, o uso de novas tecnologias e metodologias que geram maior eficiência no setor e a expectativa do novo governo seguir passos parecidos de seus mandatos anteriores, em que a construção civil era um dos focos principais para investimentos.
Por exemplo, em entrevista ao CB.Poder, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF), Dionyzio Klavdianos, acredita que a retomada de obras na capital e os projetos de ampliação de moradia para a população de baixa renda têm aumentado as expectativas. “Isso está fazendo com que o setor cumpra o seu papel, gerando emprego e muitas obras de infraestrutura, de forma que o conjunto é muito bom”, afirmou. Ele também falou sobre o combate à grilagem de terras e apontou o programa de moradias para a população de baixa renda como uma das soluções. Na mesma entrevista, Kavdianos argumenta acerca dos dados que o fazem crer em um cenário positivo para a indústria. “O setor vem crescendo, no que tange à indústria imobiliária, e tem vendido bem. O último índice de velocidade de vendas, de outubro de 2022, é de 8,4% — acima de 5% mostra que o mercado está normal. Esse número é superior aos 7,8% de outubro de 2021. Obras públicas estão da mesma forma. O governo conseguiu viabilizar empreendimentos que estavam previstos para muito tempo atrás, como é o caso do túnel de Taguatinga e outros”.
Estabilidade da taxa SELIC para o ano, porém, é vista com cuidado por líderes e analistas do setor
Com o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidindo, nesta semana, manter a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) em 13,75% ao ano, é vista com preocupação por parte do mercado imobiliário. Isso se deve ao fato do setor ter esperado uma redução na taxa de juros para 2023.
Para Ieda Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a alta nos juros pode acarretar em um volume menor de investimentos na área. “Naturalmente essa situação provoca um menor desempenho econômico, com redução da geração de renda e de emprego. Vale lembrar que algumas projeções sinalizam crescimento de 0,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) do País, em 2023, depois de crescer 5% em 2021, e cerca de 3% em 2022”
Para Marco Adnet, sócio da Konek Transformação Imobiliária e diretor da Ademi-RJ, o cenário pode ser analisado de duas maneiras. “É uma notícia boa quando nós observamos certa estabilidade na inflação, embora o Banco Central tenha chamado a atenção de que o governo tem que estar de olho sempre nos seus ajustes fiscais para que o orçamento não seja maior que o previsto, obrigando a aumentar ainda mais a taxa de juros”. Ainda de acordo com Adnet, a manutenção da taxa poderá dar previsibilidade para investimentos ao longo do ano. “Por outro lado, desde o final do ano passado vem acontecendo uma queda importante no custo da construção civil e também uma instabilidade dos preços dos materiais e da mão de obra, o que não acontecia até o primeiro semestre. Então, a partir do segundo semestre de 2022 e o início deste ano a inflação da construção civil e a do país, de certa forma, tiveram algum controle”.
É necessário, porém, ressaltar que a taxa SELIC não é o único fator para o desenvolvimento da indústria da construção civil. É desejável acompanhar o cenário com uma boa metodologia, buscando compreender as variáveis que podem gerar pontos de oportunidade para empreender e inovar no mercado.
Para saber mais sobre a entrevista com o presidente da Sinduscon-DF, clique aqui: Indústria da construção civil avança e vê 2023 como um ano positivo (correiobraziliense.com.br)
Para saber mais a reação do mercado acerca da manutenção da taxa SELIC, clique aqui: Mercado imobiliário reage à manutenção da taxa Selic | | O Dia (ig.com.br)